Dados do Trabalho
Título
CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIMICROBIANOS COMERCIALIZADOS NO BRASIL PARA TRATAMENTE DE MASTITE DE ACORDO COM A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE ANIMAL E ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
Introdução (obrigatório)
Nos últimos anos, o surgimento e disseminação de da resistência antimicrobiana tem aumentado no mundo todo, isto se deve principalmente ao uso inadequado e excessivo de antimicrobianos para tratar, prevenir ou controlar infecções em humanos, animais e plantas. Estima-se que, anualmente, 4,95 milhões de pessoas morrem no mundo de infecções causadas por bactérias resistentes aos antimicrobianos.
A mastite é a doença mais frequentemente diagnosticada nos rebanhos leiteiros, responsável pela redução da quantidade e qualidade do leite e por causar grandes perdas econômicas. Essa doença é causada por uma variedade de bactérias, sendo a principal razão da grande quantidade de uso de antimicrobianos na bovinocultura leiteira.
Diante da preocupação com uso responsável e prudente de antimicrobianos na saúde humana, saúde animal e no meio ambiente, a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e Organização Mundial de Saúde (OMS) classificaram os antimicrobianos de acordo com a importância clínica para a medicina humana, com o objetivo de orientar os profissionais nas tomadas de decisões, a fim de minimizar o impacto do uso de antimicrobianos em setores não humanos na resistência antimicrobiana (RAM) em humanos. Disto isso, o objetivo deste estudo foi estabelecer um panorama das moléculas de antimicrobianos destinadas ao tratamento e prevenção da mastite bovina no Brasil e compreender como sua classificação poderá refletir na saúde única.
Material e métodos (obrigatório)
Para realização deste estudo, foi realizada uma consulta ao painel Business Intelligence (BI) do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), no mês de junho de 2024. Na página inicial do site, foi acessado o item “Produtos Farmacêuticos”, a consulta foi realizada considerando a situação do registro como “ATIVA”, a classe do produto como “ANTIMICROBIANOS” e a espécie indicada como “BOVINOS”. Todos os produtos comerciais foram analisados para verificar se tinha indicação para mastite. As moléculas dos antimicrobianos foram classificadas de acordo com o grau de importância estabelecido pela OMS e OMSA, que foi definida em função da sua importância para a medicina humana e veterinária, risco de resistência antimicrobiana e as potenciais implicações para a saúde humana de seu uso em agentes veterinários, assim, os antimicrobianos foram classificados em: Antimicrobiano autorizado para uso apenas em humanos, Antimicrobiano Criticamente Importante e de Alta Prioridade (HPCIA), Antimicrobiano Criticamente Importante (CIA), Antimicrobiano Altamente Importante (HIA), Antimicrobiano Importante (IA) e Antimicrobiano autorizado apenas para uso animal. Por outro lado, classificou os antimicrobianos com base de acordo com os critérios estabelecidos pela OMSA em: antimicrobiano veterinário criticamente importante (VCIA), antimicrobiano veterinário altamente importante (VHIA) e antimicrobiano veterinário importante (VIA). Todos os dados foram tabulados no Excel e foram analisados por meio de distribuição de frequência.
Resultados e discussão (obrigatório)
Com o levantamento realizado no painel Bussiness Intelligence do MAPA, encontramos 283 produtos comerciais disponíveis no mercado nacional para bovinos, destes somente 179 (63,5%) produtos são destinados ao tratamento e prevenção da mastite bovina. Foram identificados 179 produtos comerciais, que estão distribuídos entre 11 classes de antibacterianos e entre 34 moléculas com ação antimicrobiana, sendo que 80,5 % das classes desses antimicrobianos estão distribuídos em cinco classes como as das penicilinas (35,6%), aminoglicosídeos (12,0%), aminoglicosídeo + 2 deoxistreptamina (11,3%), cefalosporina (11,3%) e sulfanamidas (10,3%). As moléculas mais utilizadas foram benzilpenicilina procaína (11,0%), oxitetraciclina (8,6%), benzilpenicilina potássica (7,2%), estreptomicina (6,2%), cloxacilina (5,8%), gentamicina (5,8%), diidroestreptomicina (5,5%). Os antimicrobianos foram classificados de acordo com os critérios estabelecidos pela OMSA. Foi observado que 275 (94,2%) dos produtos comerciais possuíam moléculas classificadas como VCIA, 14 (4,8%) com moléculas classificadas como VHIA e 3 (1,0%) produtos comerciais possuíam moléculas que não se encaixaram em nenhuma das classificações. Nota-se que a maioria das moléculas de antimicrobianos disponíveis para tratamento de mastite no Brasil estão classificadas na categoria VCIA, indicando nível mais elevado de criticidade, sendo crucial que essas moléculas permaneçam disponíveis para assegurar a saúde animal. Em relação a OMS, observou-se que 168 produtos (57,5%) dos produtos comerciais possuíam moléculas classificadas como HIA, 73 (25,0%) como CIA, 28 (9,6%) como HPCIA, que é o nível de maior criticidade, e somente 2 (0,7%) foram classificadas como IA. Além disso, foi possível constatar que 15 (5,1%) moléculas dos produtos comerciais foram classificadas como uso exclusivo em veterinário, e 3 (1,0%) como de uso exclusivo em humanos. No entanto, 4 (1,4%) produtos comerciais possuíam moléculas que não se encaixaram em nenhuma das classificações da OMS e por isso, não foram classificadas quanto ao seu grau de importância. Dessa forma, por meio dessa classificação os médicos veterinários conseguem ter uma orientação quanto à importância da molécula, a fim de reduzir o seu uso imprudente, para diminuir o desenvolvimento e a disseminação de cepas de bactérias resistentes aos antimicrobianos. No entanto, Ceftiofur e da Cefoquimona são de uso exclusivo em animais, mas representam um risco para saúde humana, visto que seu modo de ação é semelhante ceftriaxona, medicamento usado para tratar infecções bacterianas graves em humanos. Assim, nota-se uma divergência no nível de criticidade atribuído às mesmas moléculas pelas diferentes organizações internacionais. A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) adota critérios significativamente mais rigorosos em comparação com as classificações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o que pode complicar a compreensão da importância dessas moléculas para a saúde animal, humana e ambiental.
Conclusão (obrigatório)
Portanto, concluímos que apesar da classificação dos antimicrobianos pela OMS focar principalmente na saúde humana, o seu objetivo principal é orientar os profissionais da área de saúde humana, saúde animal, e saúde ambiental nas tomadas de decisões em relação aos tratamentos clínicos humanos, a fim de reduzir o uso desnecessário de antimicrobiano e como consequência diminuir o surgimento de cepas resistentes. Atualmente, a maioria dos antimicrobianos com indicação para tratamento e prevenção de mastite são classificados como altamente importantes para medicina humana ou veterinária, assim é necessário usar de forma prudente o uso de moléculas comuns a medicina humana e veterinária.
Área
Geral
Autores
Ana Flávia Novaes Gomes, Ana Flávia Novaes Gomes, Vanessa Cominato, Vanessa Cominato, Fulvia Fátima Almeida de Castro, Fulvia Fátima Almeida de Castro, Lucas Dias Palve, Lucas Dias Palve, Carla Christine Lange, Carla Christine Lange, Alessandro de Sá Guimarães, Alessandro de Sá Guimarães, Marcio Roberto Silva, Marcio Roberto Silva, Guilheme Nunes de Souza, Guilheme Nunes de Souza