Congresso Brasileiro do Leite

Dados do Trabalho


Título

Pesquisa de formaldeído em leite pasteurizado através do método oficial e do teste rápido FormolFree®

Contribuição para a sociedade (opcional)

A qualidade do leite que chega ao consumidor é um desafio, sendo a fraude um dos maiores. A adição de formaldeído, para conservar o leite, é um problema grave que afeta diretamente a saúde da população. Assim, este trabalho avaliou a presença dessa substância em leite utilizando o teste rápido Formolfree®, que traz resultados em 5 minutos, e o teste oficial. Nenhuma das amostras testadas foi positiva em nenhum dos testes, sendo o Formolfree® um teste muito mais ágil e simples. Assim, o consumidor ganha muito, visto que a indústria pode selecionar uma matéria prima com maior qualidade.

Introdução (obrigatório)

A obtenção de leite com qualidade adequada ao consumo em termos nutricionais e de segurança dos alimentos, depende, cada vez mais, de um processo controlado em todas as etapas da cadeia produtiva (MARTINS et al., 2013). As fraudes constituem uma das principais causas que podem interferir diretamente na qualidade físico-química deste produto (SILVA et al., 2013).

O leite cru recebido na indústria deve ser submetido aos testes iniciais realizados na plataforma de recepção para que se possa conhecer a sua qualidade físico-química e também avaliar a presença de adulterações (CHAVES, 2011). Fraudes por adição de substâncias conservantes ao leite são recorrentes no Brasil, sendo o formaldeído, substância com potencial carcinogênico, um dos mais utilizados para a eliminação de microrganismos (ROSA-CAMPOS et. Al, 2011). Isso demonstra a ocorrência de falhas no controle de qualidade das indústrias e/ou dos órgãos de fiscalização (CHAVES et al., 2015).

As provas para detecção de fraudes, na maior parte dos casos, são laboriosas e utilizam reagentes químicos perigosos, dificultando assim a realização rápida dos testes na plataforma e com a frequência determinada pela legislação. Por estes e outros motivos, várias fraudes passam despercebidas e boa parte do leite fraudado chega na mesa dos consumidores (MAREZE, 2015).

Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a presença de formaldeído em leite pasteurizado, utilizando o método rápido comercial FormolFree® em comparação com a metodologia oficial, avaliando assim o desempenho do novo teste.

Palavras chave: Leite; Qualidade; Fraudes; Formaldeído; Formolfree.

Material e métodos (obrigatório)

No período de Agosto a Outubro de 2023 foram analisadas 20 amostras de leite pasteurizado, no Laboratório de Inspeção de Produtos de Origem Animal (LIPOA), situado na Universidade Estadual de Londrina (UEL). As amostras foram submetidas à pesquisa de formaldeído pelo método rápido FormolFree® e pelo método B da norma AOAC 931.08 seguindo os Métodos Oficiais para Análise de Produtos de Origem Animal, do Ministério da Agricultura e Pecuária. Em ambos os métodos empregados foram utilizadas amostras controle positivo. Para o teste rápido FormolFree®, foi utilizado 1 ml da amostra de leite adicionado de 1 ml do reagente comercial em um tubo de ensaio, sendo o resultado lido após 5 minutos. Para o método convencional utilizou-se 100 ml da amostra juntamente com 100 ml de água destilada e acidificando esta mistura com 2 ml de ácido fosfórico. Posteriormente, a mistura passou pelo processo de destilação, obtendo-se 50 ml de destilado. Por fim, 1 ml do destilado foi adicionado de 5 ml de ácido cromotrópico a 0,5 % e levado para um banho de ebulição por 15 minutos. As amostras ainda passaram pelas seguintes análises oficiais microbiológicas e físico-químicas: Contagem de microrganismos da família Enterobacteriaceae, índice crioscópico e pesquisa das enzimas fosfatase alcalina e peroxidase. Todos os parâmetros seguiram as referências contidas na Instrução Normativa Nº76, de 26 de Novembro de 2018, do Ministério da Agricultura e Pecuária (BRASIL, 2018).

Resultados e discussão (obrigatório)

Todas as amostras de leite analisadas, quanto a presença de formaldeído, apresentaram resultados negativos, tanto pelo método FormolFree® como pelo método oficial. Em ambas as análises foram utilizadas amostras controle, como identificado na Figura 1, na qual o reagente FormolFree® em contato com o formaldeído reage produzindo uma coloração amarelo fluorescente. Já as amostras negativas não mudam de coloração, permanecendo a cor natural do leite. No caso das análises para contagem de enterobactérias, índice crioscópico, pesquisa de fosfatase alcalina e peroxidase, as amostras se encontraram dentro da normalidade estipulada pelo Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade para leite pasteurizado (BRASIL, 2018). Figura 1. Teste rápido FormolFree® Por ser um teste rápido, o FormolFree® alcança um resultado de maneira mais ágil e simples se comparado ao método B da norma AOAC 931.08 (AOAC, 2016), visto que a leitura é realizada após 5 minutos da mistura do reagente, não necessitando de vidrarias específicas. Em contrapartida, o método preconizado pelos Métodos Oficiais para Análise de Produtos de Origem Animal (BRASIL, 2022), demanda um tempo maior para a destilação da amostra e posterior reação com o ácido cromotrópico, demorando em média uma hora para a obtenção do resultado final. Na realidade industrial, a aplicabilidade de métodos convencionais se torna cada vez mais laboriosa, visto a necessidade da seleção da matéria prima de maneira mais eficiente e rápida, ocasionando, em muitos casos, falhas na qualidade devido à não realização dos testes necessários. Mareze et al, (2015) em seu estudo não encontrou nenhuma alteração físico-química evidente em amostras de leite, nas quais a presença de conservantes foi detectada por métodos específicos. Indicando, desta forma, que muitas fraudes podem passar despercebidas no controle de qualidade físico-químico básico, evidenciando a necessidade do uso de métodos rápidos e eficientes, e evitando assim com que o leite adulterado chegue até o consumidor final. Por isso, o uso de métodos rápidos, como o FormolFree®, é fundamental para o controle de qualidade e a segurança do leite, dispensando assim o custo com vidrarias, reagentes e principalmente o tempo dos analistas. No entanto, se faz necessário de mais estudos para a validação do método rápido estudado, visto que a metodologia exigida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ainda é baseada na norma AOAC 931.08 (AOAC, 2016).  

Conclusão (obrigatório)

Conclui-se que o método FormolFree® se mostrou eficaz na pesquisa de formaldeído em leite pasteurizado, visto que alcançou os mesmos resultados e de maneira mais rápida e ágil do que o método convencional em todas as amostras, podendo ser indicado para uso como método de triagem na plataforma de recepção do laticínio.

Área

Geral

Autores

Guilherme Melo Corvelloni, Debora Evellin Esteves Melo, Leonardo Teixeira Da Silva, Natalia Gonzaga, Rafael Fagnani, Gabriele Nicolette De Oliveira, Giovanna Simm Pereira