Congresso Brasileiro do Leite

Dados do Trabalho


Título

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA IN VITRO DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DE TOMILHO (Thymus vulgaris) E ORÉGANO (Origanum vulgare) SOBRE BACTÉRIAS CAUSADORAS DE MASTITE BOVINA

Introdução (obrigatório)

A mastite bovina é uma inflamação da glândula mamária que provoca grande interesse devido à sua alta incidência e impacto econômico no setor de laticínios, resultando em perdas na produção de leite (Barreiros et al., 2018). É considerada a infecção mais comum em vacas leiteiras, pode ser desencadeada por diversos agentes patogênicos, incluindo bactérias e fungos (Tomanic et al., 2021).
As principais bactérias identificadas em casos de mastite incluem Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Streptococcus uberis, Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae (Morales-Ubaldo et al., 2023).
A prevalência da mastite bovina resultou no extenso uso de antibióticos, com 90% dos resíduos de antibióticos no leite sendo provenientes deste tratamento, apresentando implicações sobre a disseminação de cepas bacterianas resistentes e a eficácia reduzida dos tratamentos (Kovačević et al., 2021).
Diante disso, destaca-se a necessidade de terapias alternativas, como os óleos essenciais (OEs). Além de servirem como alternativa aos antibióticos, possuem propriedades antibacterianas, e não apresentaram casos de resistência mesmo após exposição prolongada (Tomanic et al., 2022).
O OE de orégano é composto principalmente por carvacrol, ocimeno e timol. Segundo Albuquerque (2017) tanto o carvacrol quanto o timol, isoladamente ou em conjunto, têm a capacidade de inibir a atividade bacteriana. Já o OE de tomilho, tem como seu componente principal o timol, demonstrando eficácia antimicrobiana, sendo relatado em estudos (Mitsunaga, 2020).
Desta forma, objetivou-se neste estudo, verificar a atividade antimicrobiana in vitro dos óleos essenciais de tomilho (Thymus vulgaris) e de orégano (Origanum vulgare) sob Staphylococcus aureus e Escherichia coli.

Material e métodos (obrigatório)

Para o experimento, utilizou-se as cepas bacterianas Staphylococcus aureus (ATCC 25923) e Escherichia coli (ATCC 25922). Os tratamentos utilizados foram os óleos essenciais comerciais ViaAroma ® de Orégano (OEO) e Tomilho (OET). A atividade antimicrobiana em placas foi determinada pelo método de difusão em meio sólido para a determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) (Pereira et al., 2006) do óleo essencial (OE) de orégano e tomilho, sobre as cepas bacterianas. As cepas foram cultivadas em caldo Mueller-Hilton (MHB). O inóculo dos tubos foi distribuído em placas previamente preparadas com Ágar Mueller Hinton (MHA). Nos discos de papel filtro foram inoculados um volume de 20μl da solução dos óleos diluídos em MHB suplementado com 1% de Tween 80, nas concentrações 100%, 50%, 25%, 12,5% e 6,25%. As placas foram incubadas a 35oC, por 24 horas. Os ensaios foram feitos em triplicata para cada bactéria testada, realizando-se a média do diâmetro dos halos de inibição das três placas. A CIM foi considerada como a menor concentração com inibição completa do crescimento bacteriano.

Resultados e discussão (obrigatório)

O OEO (Tabela 1) apresentou maior atividade antimicrobiana a 100%, porém obteve-se um efeito inibitório satisfatório até 6,25%, não sendo possível determinar CIM. Já para E. coli, observou-se atividade semelhante a 100% e 50%, e CIM a 6,25%. Tabela 1 - Concentração Inibitória Mínima do óleo essencial de Orégano sobre Staphylococcus aureus e Escherichia coli. Cepas bacterianas Diâmetro dos halos de inibição (mm) Concentração de óleo essencial de orégano 100% 50%   25%   12,5% 6,25% Staphylococcus aureus 15 13 3 3 1,5 Escherichia coli 13,5 13,5 3 2 0,5                 O OET (Tabela 2), este apresentou maior efeito a 100% para S. aureus, com variação em 50% e 25% e menor efeito em concentrações menores. Para E. coli, a maior atividade foi verificada a 100% e 50%, mantendo-se constante nas concentrações menores, o que indica que a diminuição da concentração não afeta significativamente a inibição bacteriana em concentrações mais baixas. Tabela 2 - Concentração Inibitória Mínima do óleo essencial de Tomilho sobre Staphylococcus aureus e Escherichia coli. Cepas bacterianas Diâmetro dos halos de inibição (mm) Concentração de óleo essencial de tomilho 100% 50%   25%   12,5% 6,25% Staphylococcus aureus 4,5 2 2,5 1 0,5 Escherichia coli 4 3 1,5 1,5 1,5   Com o OET verificou-se uma CIM de 6,25% sobre S. aureus, porém nessas concentrações não foi possível constatar uma CIM sobre E. coli. Resultados semelhantes foram observados por Barreiros (2015) e Cansian et al. (2010), os quais notaram que E. coli é menos sensível aos OEs do que S. aureus. Isso se deve à membrana externa das bactérias Gram-negativas, que dificulta a difusão dos OEs. Os resultados demonstram que todos os produtos possuem efeito inibitório, embora a eficácia varie entre os microrganismos testados, que corroboram com os achados de Barreiros (2015). Os OEs se destacam por sua baixa toxicidade e impacto ambiental reduzido, sendo uma alternativa promissora na prevenção de doenças (Kovačević et al., 2021). A fitoterapia com OEs pode apresentar viabilidade econômica devido à redução da resistência antimicrobiana.  Além disso, combinações de OEs com antibióticos podem potencializar o efeito terapêutico e diminuir a necessidade de doses maiores (Tomanić et al., 2024).

Conclusão (obrigatório)

Diante do exposto, conclui-se que o óleo essencial de orégano apresentou halos de inibição maiores em todas as concentrações para ambas as bactérias, indicando uma eficácia antimicrobiana superior em comparação com o óleo essencial de tomilho. Isto demonstra o potencial antimicrobiano dos OEs no tratamento da mastite bovina como uma alternativa sustentável e com menor resistência antimicrobiana. No entanto, são necessários mais estudos para determinação de sua citotoxicidade e eficácia in vivo.

Área

Geral

Autores

Milena Antunes dos Santos, Marcela Calciolari Branquinho, Marina Szychta, Fernanda Kaliskeviski Scheis, Fernanda Marques de Oliveira, Margarete Kimie Falbo