Dados do Trabalho

Título

AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA DE SUPLEMENTO A BASE DE COLOSTRO BOVINO EM BEZERRAS DA RAÇA HOLANDESA

Introdução (obrigatório)

A criação de bezerras é fundamental para o sucesso econômico da propriedade, pois irá contribuir com o melhoramento genético do rebanho. Segundo Caixeta e Carmo (2020), o período neonatal é considerado de maior atenção com o animal, pois é quando há alterações fisiológicas e exposição a intempéries climáticas, além de contaminações extrauterinas. Os neonatos são hipogamaglobulinêmicos, pois a placenta materna é classificada como sinepiteliocorial, que impede a transferência transplacentária de imunoglobulinas (Ig) para o feto. (TEIXEIRA et al., 2017; GODDEN, 2008)
O colostro é secreção láctea obtida na primeira ordenha após o parto e apresenta altas concentrações de imunoglobulinas (IgG, IgA e IgM), carboidratos,lipídios, proteínas, minerais e vitaminas. Composto também por citocinas, lisozimas e lactoferrina que juntos, conferem a imunidade passiva (BUTTAR et al., 2017).
Diversos estudos evidenciam os benefícios do colostro para o trato gastrointestinal (TGI) do bezerro, de modo que sua ação é responsável pelo aumento e diferenciação das vilosidades intestinais e mucosas, além de conferir menor ocorrência de casos de pneumonia e diarreia (USDA, 2008; SAALFELD et al., 2012; MENCHETTI et al., 2016; TEIXEIRA et al., 2017). No entanto, a qualidade do colostro pode sofrer grandes variações em função da ordem de parto, nutrição da vaca, manejos inadequados, entre outros, comprometendo a imunidade passiva em bezerros neonatos. Neste sentido, suplementos e substitutos de colostro tornaram-se uma alternativa para produtores que buscam disponibilidade, conveniência e quebra de ciclo de transmissão de patógenos. Os suplementos têm a função de complementar, mas não substituir o colostro administrado. O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficácia de um suplemento de colostro comercial sobre os parâmetros sanguíneos de bezerras da raça Holandesa.

Material e métodos (obrigatório)

O estudo foi realizado em uma fazenda EM Castro – PR e teve duração de 147 dias. Foram avaliadas 24 bezerras da raça Holandesa, distribuídas em dois tratamentos: sem o uso de suplemento de colostro (grupo controle) e com o uso do suplemento de colostro (grupo suplementado). Os animais receberam 4 litros de colostro com até duas horas de nascimento, administrado em duas doses através de mamadeira. Utilizou-se o colostro com 25 a 30% de Brix. Após a colostragem, foram administradas 72 g de suplemento comercial de colostro por via oral, contendo colostro bovino, ovo pasteurizado, probióticos (Ruminobacter succinogenes, Lactobacilus acidophilus e Saccharomyces cerevisae), prébióticos, minerais (zinco, cobre, cobalto, ferro e selênio) e vitaminas A, D3, E, B12 e B9 e lactoferrina, para os animais do grupo suplementado. A dieta das bezerras até o desaleitamento incluiu o leite de transição (6 L/bezerra/dia), durante dois dias, e de leite de descarte pasteurizado, a partir dos 3 aos 110 dias de vida.  O sangue foi coletado da veia jugular, 2 horas após aleitamento, utilizando tubos de coleta de sangue a vácuo com ativador de coágulo e gel separador, e centrifugado a 10.000 rpm por 15 minutos e o soro reservado em tubos eppendorf para posterior avaliação de albumina (ALB) e gama glutamil transferase (GGT). Para análises sanguíneas, o soro foi avaliado com Labtest REF 19 para AL e Labtest REF 105 para GGT.  Utilizou-se o Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC), com dois tratamentos e 12 repetições (bezerras) por tratamento. Utilizou-se o teste Shapiro-Wilk para a normalidade da distribuição dos dados e o teste de Levene para testar a homogeneidade das variâncias. As variáveis paramétricas que apresentaram homogeneidade foram analisadas pelo teste estatístico t de Student. Para as variáveis não paramétricas aplicou-se o Teste Mann-Whitney.

Resultados e discussão (obrigatório)

A ALB representa a maior fração constituinte da proteína total sérica e é a principal responsável por manter a pressão osmótica no soro sanguíneo. É sintetizada no fígado e sua concentração pode ser alterada pelo aporte proteico proveniente da dieta. No presente trabalho, o uso de suplemento a base de colostro não alterou (p>0,05) os níveis séricos de ALB e GGT, com médias de 2,00 e 2,071 g/dL  e de 490,82 U/L e 429,58 U/L, respectivamente, nas bezerras sem a suplementação e com a suplementação na colostragem. Tristan et al. (2014), avaliando a suplementação de bezerras com imunoglobulinas Y (IgY) no colostro, verificaram aumento na atividade de ambas as enzimas com o fornecimento do suplemento. Segundo os autores, os níveis de GGT em neonatos ficam em torno de 0 U/L, porém, aumentam para 1773 U/L com 24 horas pós-parto, em função do consumo do colostro. Apesar de conter ovo pasteurizado em sua composição, o suplemento  utilizado não promoveu o aumento da atividade das enzimas. Feitosa et al. (2009) verificaram aumento dos níveis de GGT em bezerros com menos de 24 horas de vida. Tristan at al. (2014) relataram a relação entre AL e GGT com a ingestão de colostro e a transferência de imunidade passiva (TIP) recomendando os resultados de AL e GGT como indicadores para uma boa colostragem. Leite et al. (2017), avaliando os níveis séricos de GGT de bezerras que receberam colostro mastítico ou não, encontraram valores de 334 U/L e 220 U/L, respectivamente. A forma de amamentação e o volume de colostro ingerido pelos bezerros, segundo os autores, podem explicar as diferenças obtidas.

Conclusão (obrigatório)

O fornecimento de suplemento um suplemento de colostro composto por ovo pasteurizado, vitaminas e probióticos, não teve efeito sobre os níveis sanguíneos de ALB e GGT em bezerras da raça Holandesa.

Agradecimentos (opcional)

Agradecemos a empresa UCBVET e a UEPG por incentivar e apoiar o presente estudo.