Dados do Trabalho
Título
Variação do pH e Acidez do Leite Conforme o Estádio de Lactação em Vacas Holandês, Jersey e Cruza Holandês x Jersey
Contribuição para a sociedade (opcional)
O presente estudo tem contribuição para a aceitação ou não do leite na plataforma industrial. Conforme o grupo genético presente no rebanho leiteiro pode ocorrer uma maior acidez no leite, não necessariamente sendo um leite de má qualidade higiênica. O estádio de lactação mostra que em diferentes fases da lactação teremos uma diferença na composição do leite conjunto de tanque, o que pode refletir principalmente, na aceitação pela indústria, do leite proveniente de rebanhos com parição estacional. Tal avaliação é de suma importância para evitar que leite de boa qualidade seja descartado na indústria.
Introdução (obrigatório)
O pH e a acidez são parâmetros importantes na avaliação da matéria prima leite no seu recimento na plataforma da indústria, que pode ser indicada em graus Dornic ou percentual de ácido lático.
O leite cru de boa qualidade possui pH entre 6,6 e 6,8, sendo levemente ácido, com acidez variando entre 14 e 18°D. A acidez é conferida pelos constituintes naturalmente presentes no leite como a caseína, fosfatos, albumina, citrato e o gás carbônico dissolvido (CO2). Além disso, o aumento da acidez do leite pode ocorrer pela produção de ácido lático a partir da degradação da lactose pela ação de microrganismos presentes no leite (TRONCO, 1997). O objetivo do trabalho foi avaliar a variação do pH e da acidez ao longo da lactação e entre diferentes raças Holandês, Jersey e cruza Holandês e Jersey.
Material e métodos (obrigatório)
Foram avaliadas vacas em lactação classificadas por grupos genéticos e estádios de lactação em dias, nomeados de lactação inicial (1-60d), pós-pico (61-150d), tardia (151-305d) e prolongada(>305d) de vacas da raça Jersey, Holandês e cruza Holandês e Jersey com um número de animais de (n=459) para pH, (n=454) para acidez. Foram coletadas amostras de leite individual de vacas, entre agosto de 2021 e 2022, em cinco fazendas no estado do Paraná. As amostras foram coletadas em frascos de vidro, as quais foram armazenadas em frascos de vidro e refrigeradas. Entre 12-24 horas após a coleta, as amostras de leite foram analisadas. A determinação do pH foi realizada através do uso de potenciômetro enquanto a acidez foi determinada através do método de titulação. Os resultados de acidez foram expressos em gramas (g) de ácido láctico por 100ml de leite. Na análise estatística dos dados de pH e acidez, os dias em lactação (DEL) foram agrupados em: início (1-60d; n=85), pós-pico (61-150d; n=122), final (151-305d; n=212) e lactação estendida (>305d; n=169). Os dados foram submetidos à análise de variância, avaliando grupo genético (n=3, Jersey, holandês, cruzadas Jersey e Holandês) e classes de dias em lactação (n=4) como efeitos fixos, e paridade como covariável. O programa SAS foi utilizado para a análise estatística, procedimento MIXED.
Resultados e discussão (obrigatório)
Os resultados de pH não variaram significativamente ao longo da lactação e entre os grupos genéticos. Os resultados de acidez apresentaram interação significativa entre grupo genético e estádio de lactação. No estádio inicial, os maiores valores foram observados nas vacas Holandês e cruzas em relação à Jersey. No estádio pós pico, os maiores valores foi observados nas vacas cruza. No final da lactação, os maiores valores foram observados nas vacas Jersey e cruzas, enquanto na lactação extendida, os maiores valores foram observados na raça Jersey (Tabela 1). As diferenças de acidez entre os grupos genéticos estádios de lactação provavelmente se deveram aos efeitos combinados de diluição pela variação da produção leiteira e concentração de proteínas e demais componentes do leite (Schmitz et al., 2024). Tabela 1. Valores de pH e acidez conforme o estádio de lactação e grupo genético. Grupo genético DEL pH Acidez Holandês (0-60d) 6.79±0.06 a 20.29±1.50 aA (61-150d) 18.46±1.36 bB (151-305d) 18.96±1.36 bB (>305d) 18.70±1.37 bB Jesey (0-60d) 6.80±.05 a 18.10±1.45 bB (61-150d) 19.60±1.42 bAB (151-305d) 20.12±1.43 aA (>305d) 20.03±1.44 aA Cruza Jersey x Holandês (0-60d) 6.80±0.06 a 21.88±1.89 aA (61-150d) 20.50±1.62 aA (151-305d) 20.29±1.52 aA (>305d) 19.58±1.77 aB p-value 0.0282 DEL- dias em lactação a, b referem a diferenças (P<0,05) entre os estádios de lactação dentro do mesmo grupo genético, enquanto A, B se referem a diferenças entre os grupos genéticos em cada estádio de lactação.
Conclusão (obrigatório)
Os valores de pH se mantiveram constantes entre grupos genéticos e estádios de lactação. Os valores de acidez variaram ao longo do estádio de lactação, de forma distinta conforme o grupo genético. vacas Holandês apresentaram maior acidez na lactação inicial, vacas Jersey apresentaram maior acidez a partir do pós-pico, enquanto vacas Holandês x Jersey apresentaram maior acidez ao longo da lactação, diminuindo na lactação estendida.
Referências bibliográficas (opcional)
TRONCO, V. M. Manual para inspeção da qualidade do leite. 4. ed. Santa Maria: UFSM, 1997. 206p
SCHMITZ, Bruna. CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS DO LEITE BOVINO: EFEITOS DO PERÍODO DE LACTAÇÃO E DE GRUPOS GENÉTICOS. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Departamento de Zootecnia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. p.97. Porto Alegre, 2023.
Schmitz B, Costa OAD, Fluck AC, de Borba LP, Rangel AHdoN and Fischer V. Variation in bovine milk stability according to lactational stage and genetic group. Journal of Dairy Research. 2024.
Disponível em: https://doi.org/10.1017/ S0022029924000372.
Área
Geral
Autores
Rhenan da Silva Amorim, Vivian Fischer, Fernanda Rech Medeiros Rodrigues, Bruna Schmitz, Juliany Guimarães, Eduarda Kremer, Maria Eduarda Cesar Salvador