Dados do Trabalho
Título
Eficácia do Maxicam 2% injetável para tratamento de mastite clínica leve e moderada causada por Escherichia coli ou sem isolamento bacteriano
Introdução (obrigatório)
A mastite é uma das principais doenças de vacas leiteiras, frequentemente causada por infecções bacterianas. Em muitos casos de mastite clínica (MC) leve e moderada, particularmente aquelas causadas por Escherichia coli ou sem isolamento bacteriano, não é necessário o uso de antimicrobianos, pois a maioria destas infecções são autolimitantes (75-95%). No entanto, ainda não foi determinado se o uso de anti-inflamatórios (e.g., meloxicam) como tratamento auxiliar nestes casos pode reduzir a duração dos casos clínicos, reduzir a ocorrência de recidivas, aumentar a produção de leite e reduzir a contagem de células somáticas (CCS). O objetivo deste estudo foi avaliar a administração do Maxicam 2% (meloxicam 2g) no dia do diagnóstico da MC causada por E. coli ou sem isolamento bacteriano sobre a duração dos casos clínicos, CCS e produção de leite.
Material e métodos (obrigatório)
Foram selecionados 5 rebanhos leiteiros comerciais do estado de Minas Gerais com rotina de identificação diária dos casos clínicos de mastite e uso de sistema de cultura na fazenda. Os casos de MC foram identificados no momento de cada ordenha por alterações visíveis no aspecto do leite e/ou da glândula mamária das vacas leiteiras. Apenas casos de mastite leve e moderada foram considerados neste estudo. MC leve foi considerada quando apenas alterações no leite estavam presentes, enquanto MC moderada foi considerada quando além das alterações no leite, alterações no úbere foram identificadas. Todos os casos de MC tiveram amostra de leite coletada e submetida à cultura microbiológica na fazenda. Os casos de MC com ausência de crescimento microbiano ou isolamento de E. coli foram aleatoriamente atribuídos a um dos seguintes grupos de tratamento: Controle (não tratado) ou Meloxicam (uso exclusivo de Maxicam 2%, Ourofino Saúde Animal, 0,5 mg/Kg, duas aplicações a cada 24h). De acordo com cálculo amostral, um total de 360 vacas (180 por grupo de tratamento) foi necessário, considerando um risco de cura de 0.60 para o grupo controle e de 0.74 para o grupo Maxicam 2%, e uma estimativa de perda de 15% dos dados devido a descarte, morte ou doença das vacas. As vacas foram avaliadas quanto a duração dos sinais clínicos, cura clínica (sim ou não), CCS após 28 dias do tratamento e produção de leite durante 60 dias após o caso clínico. O software R (R Core Team, 2023) foi utilizado para análise estatística dos dados, considerando significativos os resultados com P ≤ 0,05. Foram desenvolvidos modelos de regressão logística para analisar os dados de CCS e produção de leite. A duração dos sinais clínicos foi avaliada por meio de regressão de Cox para análise de sobrevivência (Teste Log-rank).
Resultados e discussão (obrigatório)
Um total de 486 casos (Controle = 249; Maxicam 2% = 237) de MC foi incluído neste estudo. Não foi observado efeito do tratamento na CCS (P = 0,46) e produção de leite (P = 0,26). Porém, vacas tratadas com Maxicam 2% anteciparam o desaparecimento dos sinais clínicos (P = 0.05), sendo que durante os 4 dias de avaliação, uma porcentagem menor de vacas no grupo tratado apresentava sinais de MC. O meloxicam, um anti-inflamatório não esteroidal (AINE) da classe dos oxicams, foi descrito por reduzir a sensibilidade à dor no úbere, edema e temperatura corporal, sem impactar o tempo de ruminação (Coetzee et al., 2009; van Soest et al., 2018). Em nosso estudo, o uso de Maxicam 2% acelerou a melhora clínica das vacas com MC em comparação ao grupo controle. Portanto, o uso de Maxicam 2% pode auxiliar no tratamento da mastite em rebanhos leiteiros.
Conclusão (obrigatório)
O uso do Maxicam 2% para tratamento de MC leve e moderada não teve efeito sobre a CCS e produção de leite. Por outro lado, o tratamento com Maxicam 2% permitiu menor duração dos dias de MC (grumo), no qual as vacas tratadas com Maxicam 2% tiveram menor duração de sinais clínicos.
Referências bibliográficas (opcional)
Coetzee JF, KuKanich B, Mosher R, Allen PS. Pharmacokinetics of intravenous and oral meloxicam in ruminant calves. Vet Ther. 2009;10:E1–8.
Van Soest FJ, Abbeloos E, McDougall S, Hogeveen H. Addition of meloxicam to the treatment of bovine clinical mastitis results in a net economic benefit to the dairy farmer. J Dairy Sci. 2018;101:3387–97.
Área
Geral
Autores
Bruna Gomes Alves, Gustavo Freu, Jean Jeremias de Paula Pericole, Marcos Veiga dos Santos