Dados do Trabalho
Título
PRODUÇÃO, COMPOSIÇÃO E CONTAGÉM DE CÉLULAS SOMÁTICAS DO LEITE DE VACAS GIROLANDO EM FUNÇÃO DO ESTÁDIO DE LACTAÇÃO
Introdução (obrigatório)
Leite de qualidade pode ser definido como aquele que mantém suas características físico-químicas, microbiológicas e sanitárias adequadas para o consumo. Parâmetros que denotam a qualidade do leite e que mais apresentam variações são os relacionados a composição centesimal e às células somáticas (CABRAL et al., 2016).
O estádio de lactação da vaca é um dos fatores que pode afetar a produção de leite e seus componentes, ocorrendo variações principalmente nos teores de gordura e proteína, conforme a fase da lactação. Além disso, variações também são esperadas na quantidade do leite produzido, com pico nos meses iniciais e redução ao longo da lactação (ROSA et al., 2017).
A contagem de células somáticas (CCS) é um parâmetro utilizado para identificar a saúde da glândula mamária. Fonseca et al. (2021) discorreram que o estádio de lactação também pode exercer influência no aumento dessas células. Fato que ocorre, em geral, pelo aumento da exposição das vacas aos agentes causadores de mastite ao longo dos meses de lactação.
Diante disso, este trabalho teve como objetivo avaliar a influência do estádio de lactação de vacas Girolando sobre a produção, composição e CCS do leite, no Sertão de Sergipe.
Material e métodos (obrigatório)
A pesquisa foi realizada em uma fazenda comercial localizada no município de Nossa Senhora da Glória, no Sertão do Estado de Sergipe, no período de julho de 2023 a fevereiro de 2024. A fazenda produz leite a partir de vacas criadas em confinamento do tipo compost barn. Foram utilizadas 24 vacas em lactação da raça Girolando, primíparas e multíparas, pertencentes ao rebanho da fazenda. Os tratamentos consistiram em dois, sendo o primeiro composto pelas vacas em estádio de lactação inicial (DEL <70) e o segundo com as vacas em final de lactação (DEL >210). Foram utilizados os mesmos animais durante todo o período experimental. Para avaliação da produção de leite, foi realizado o controle leiteiro das vacas nas duas ordenhas realizadas na fazenda. Para análise da composição centesimal (gordura, proteína, lactose, sólidos totais e extrato seco desengordurado) e da contagem de células somáticas (CCS) foram coletadas amostras de leite, no mesmo dia em que foi realizado o controle leiteiro, retirando-se alíquotas do leite produzido em uma das ordenhas, em seguida foram colocadas em recipiente estéril contendo conservante Brononata, mantidas em caixa isotérmica, com temperatura entre 2 e 6ºC, transportada para realização das análises no laboratório Clínica do Leite, credenciado à Rede Brasileira de Qualidade do Leite (RBQL). Para análise estatística dos dados foi utilizado o teste T de amostras pareadas ou dependentes, para verificar a influência do estádio de lactação das mesmas vacas no início e no final do experimento, sobre os parâmetros avaliados. Foi utilizado o software SAS e considerado nível de significância de 5%.
Resultados e discussão (obrigatório)
Não houve diferença (p>0,05) na produção de leite entre o início e o final de lactação das vacas. Em relação a composição centesimal, houve diferença significativa (p<0,05) nos teores de gordura, proteína, sólidos totais (ST) e extrato seco desengordurado (ESD). O teor de gordura foi maior no leite das vacas em final de lactação, cujo valor médio foi de 4,9%, enquanto o leite das vacas em início de lactação apresentou 3,6%. O mesmo ocorreu com o teor de proteína, com médias de 3,6% e 2,9%, no final e início de lactação, respectivamente. Como reflexo dos teores de gordura e proteína, os ST também foram maiores no leite das vacas em final de lactação, com 12,2% no início e 14% no final. O teor de sólidos, quando avaliado por meio do ESD, também permaneceu maior no leite das vacas em final de lactação, com valores médios de 8,6% no início e 9,2% no final. Resultados semelhantes ao presente estudo foram encontrados por Cabral et al., (2016), que observaram que vacas em estádio de lactação avançado apresentam teores de gordura, proteína, ST e ESD maiores quando comparado com vacas em estádio inicial da lactação. Quanto ao teor de lactose, não foi verificada diferença entre o início e o final de lactação (p>0,05), fato fisiologicamente normal, uma vez que a lactose atua como regulador osmótico do leite, de forma que, independentemente de haver alteração ou não na produção de leite da vaca, o teor de lactose tende a permanecer inalterado. Para a variável CCS, não houve diferença entre o início e o final da lactação (p>0,05), o que pode ter ocorrido em reflexo ao bom manejo de ordenha e de cama realizado na fazenda, apesar da existência de maior susceptibilidade das vacas em aumentar a CCS no leite à medida que avança a lactação, pelo aumento da exposição aos fatores de risco que causam infecções intramamárias. Santos et al. (2018), verificaram aumento nos índices de mastite clínica e subclínica com o avanço do período de lactação das vacas.
Conclusão (obrigatório)
O estádio da lactação exerce influência sobre a composição do leite, especialmente nos teores de gordura, proteína, sólidos totais e extrato seco desengordurado, sem alterar o teor de lactose, contagem de células somáticas e a produção de leite das vacas.
Agradecimentos (opcional)
À Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
Referências bibliográficas (opcional)
CABRAL, J.F.; SILVA, M.A.P.; CARVALHO, T.S.; BRASIL, R.B.; GARCIA, J.C.; NASCIMENTO, L.E.C. Relação da composição química do leite com o nível de produção, estádio de lactação e ordem de parição de vacas mestiças. Rev. Inst. Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, v.71, n.4, p.244-255, 2016.
FONSECA M.E.B.; MOURÃO, A.M.; CHAGAS, J.D.R.; ÁVILA, L.M.; MARQUES, T.L.P.; BAÊTA, B.A.; MORAIS, R.F.F.; ROIER, E.C.R. Mastite bovina: Revisão. PUBVET, v.15, n.2, p.1-18, 2021.
ROSA, P.P.; ZANELA, M.B.; RIBEIRO, M.E.R.; FLUCK, A.C.; ANGELO, I.D.V.; FERREIRA, O.G.L.; COSTA, O.A.D.; PERES, P.F. Fatores etiológicos que afetam a qualidade do leite e o Leite Instável Não Ácido (LINA). REDVET, v.18, n.12, 2017.
SANTOS, C.A.; ALMEIDA, I.R.; PORTO, B.R.; RIBEIRO FILHO, D.L.; MAIA, F.P. Efeito da ordem de parto e do estádio de lactação na frequência de mastite bovina em rebanhos mestiços de Holandês e Gir. Caderno de Ciências Agrárias, v.10, n.3, p.18–25, 2018.
Área
Geral
Autores
Suelange Oliveira Cruz, Juliana Felipe Paula de Oliveira, Valdir Ribeiro Junior, João Batista Barbosa, Simone Vilela Talma, Welington Gonzaga do Vale, Gladston Rafael de Arruda Santos, Lígia Maria Gomes Barreto