Congresso Brasileiro do Leite

Dados do Trabalho


Título

PREVALÊNCIA E ETIOLOGIA DA MASTITE SUBCLÍNICA COMPARANDO AS ESTAÇÕES SECA E CHUVOSA DO ANO NAS MESORREGIÕES DE ALTO PARANAÍBA E TRIÂNGULO MINEIRO, MINAS GERAIS

Titulo em português

PREVALÊNCIA E ETIOLOGIA DA MASTITE SUBCLÍNICA COMPARANDO AS ESTAÇÕES SECA E CHUVOSA DO ANO NAS MESORREGIÕES DE ALTO PARANAÍBA E TRIÂNGULO MINEIRO, MINAS GERAIS

Contribuição para a sociedade (opcional)

Levar conhecimento para profissionais e produtores sobre a prevalência de patógenos que provocam mastite para trabalharem de forma mais direcionada para diminuir as novas infecções, além de garantir bons níveis de produção de leite.

Introdução (obrigatório)

A pecuária leiteira no Brasil está distribuída em todo território nacional, a produção de leite foi estimada em 34 bilhões de litros, estando na terceira posição mundial (HOTT et al., 2022). O estado de Minas Gerais está em destaque com contribuição de 27,3% dessa produção de acordo com o IBGE (2022).
A mastite bovina é uma enfermidade que causa grandes impactos econômicos na produção de leite (LANGONI, 2013). Conceitualmente a mastite bovina é uma inflamação da glândula mamária causada por microrganismos, como bactérias, fungos, leveduras e algas. Esta patologia apresenta-se sobre forma clínica caracterizada por alterações de textura, coloração e composição do leite (CUNHA et al., 2016) e manifesta de forma subclínica que é diagnosticada com o aumento da contagem de células somáticas (CCS) de leite ou pelo exame do California Mastitis Test (CMT) (SANTOS; FONSECA, 2019).
O clima tropical do Brasil apresenta diferentes cenários climáticos ao longo do ano e são divididos em dois períodos, chuvosos e secos (ROSA et al., 2017). Os patógenos ambientais causadores de mastite tendem a aumentar sua prevalência nas épocas das chuvas (SOUZA et al., 2018). No entanto, patógenos menores são microrganismos oportunistas frequentemente isolados que podem causar infecções persistentes e aumento da CCS (PYÖRÄLÄ; TAPONEN, 2009) e (LANGONI et al., 2016).
Considerando estas informações, este estudo teve como objetivo verificar a prevalência e a etiologia da mastite subclínica comparando a estação seca e chuvosa do ano nas mesorregiões do Alto Paranaíba (AP) e Triangulo Mineiro (TM), Minas Gerais.

Material e métodos (obrigatório)

Trata-se de um estudo descritivo observacional transversal, no qual foram analisadas 25.822 amostras de leite para cultura microbiológica obtidas de 114 fazendas. Os resultados obtidos foram coletados da base de dados da empresa Evoluir Saúde do Leite entre janeiro de 2018 e junho 2024. As coletas de amostras de leite foram de casos de mastite subclínica monitoradas mensalmente. Esse acompanhamento foi realizado pela coleta de amostras individuais para CCS e CMT. Vacas que apresentaram contagem superior à 200.000 células/ml e CMT com reação positiva de pelo menos um quarto mamário foram adicionas no estudo. No laboratório, as amostras foram inoculadas em placas de ágar sangue e em seguida foram armazenadas à 37 °C. Após 24 e 48 horas da incubação, realizou-se a leitura das placas e posteriormente os testes bioquímicos para diferenciação dos microrganismos, segundo o livro do NMC (Laboratory Handbook on Bovine Mastitis – 2017). Para análise dos dados, os patógenos foram classificados como Streptococcus spp. ambientais (Streptococcus uberis e dysgalactiae), coliformes (Escherichia coli e klebsiella spp.), contagiosos (Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae), patógenos menores (Corynebacterium spp. e Staphylococcus coagulase negativa – SCN), algas (Prototheca spp.) e outros (Bacillus spp., Leveduras, outros gram negativos, outros gram positivos, Pseudomonas spp., Serratia spp. e Nocardia spp.). As análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa SPSS versão 22.

Resultados e discussão (obrigatório)

Os resultados relacionados aos agentes isolados são mostrados na Figura 1 e consta que os patógenos menores constituíram uma proporção maior dos organismos isolados de amostras enviadas das duas regiões (56,9%) e não mostraram diferença proporcional entre elas. Destaca-se 49,1% (n=12681) das amostras não tiveram crescimento de microrganismos, sendo o patógeno de maior prevalência Staphylococcus coagulase negativa (SCN) 44,5% (n=5406), seguido de Corynebacterium spp. 12,4% (n=1509). Os resultados deste estudo concordam com Benites et al. (2001), estudando 140 quartos mamários no estado de São Paulo, verificaram alta ocorrência de SCN de 54,29%. Em relação ao Corynebacterium spp., teve resultados similares aos estudos de Mettifogo et al. (1991) que demonstram 25% e Langoni, et al. (1998) de 15,94%. Em consideração aos patógenos de menor prevalência, destaca se os Streptococcus agalactiae 11,3% (n=1370) semelhante ao estudo em Viçosa/MG de Cunha et al, (2015) com 13,66% e o Staphylococcus aureus 7,6% (n=921). Os ambientais Streptococcus uberis 10,7% (n=1303), que distinguem do estudo do Picoli et al, (2014) no Rio Grande do Sul com 16,8% e Streptococcus dysgalactiae 6,1% (n=738), com 37,2% no mesmo trabalho. O isolamento dos patógenos podem apresentar resultados negativos e pode ocorrer pela taxa de cura espontânea do animal, baixa concentração de patógenos no leite, alguns casos têm características de descidas intermitentes no leite, além disso os resíduos de antibióticos após o tratamento do animal. Alguns microrganismos que causam infecções exigem identificações específicas (ex: Mycoplasma spp.) (KARACH et al., 2015) ou ainda pelo resfriamento ou congelamento de amostras podem inativar as bactérias. Os SCN são considerados agentes ambientais e oportunistas, gerando impactos secundários à infecção da glândula mamária, por isso há prevalência desse patógeno, está presente preferencialmente na pele e canal dos tetos da vaca (SANTOS; FONSECA, 2019) ou luvas do ordenhador (DE VISSCHER et al. 2014). O Corynebacterium spp. também é considerado oportunista, porém sua característica é altamente contagiosa sendo indicativo de higiene dos tetos no momento da ordenha (LANGONI et al., 2017). Os patógenos contagiosos são transmitidos normalmente durante a ordenha e os agentes ambientais colonizam a glândula mamária quando os tetos entram em contato com superfícies contaminadas.

Conclusão (obrigatório)

A prevalência etiológica de mastite subclínica encontrada nas duas mesorregiões nas distintas épocas do ano não teve diferença significativa, considerando os patógenos de maior predominância Staphylococcus coagulase negativa e Corynebacterium spp. Portanto, o fator climático poderia não interferir na prevalência de patógenos menores, visto que esses agentes se relacionam com a imunidade e higiene do animal, persistindo de forma subclínica na maioria dos casos e os agentes ambientais e contagiosos apresentaram em menor percentagem por, geralmente, serem encontrados de forma clínica nos animais.

Área

Geral

Autores

Isadora Resende Barros, Flor Angela Nino, Victoria Rodrigues Alcântara