Congresso Brasileiro do Leite

Dados do Trabalho


Título

Equiparação de três métodos laboratoriais para avaliação de imunoglobulinas em colostro bovino

Titulo em português

Equiparação de três métodos laboratoriais para avaliação de imunoglobulinas em colostro bovino

Contribuição para a sociedade (opcional)

Métodos aceitáveis, de fácil aplicação e uso no campo para garantir uma boa colostragem para as bezerras ao nascimento, assim como abastecer um banco de colostro de boa qualidade. Equivaler métodos rápidos e que possam ser utilizados pelos produtores rurais na rotina da fazenda, obtendo imunização adequada de suas futuras vacas, as bezerras.

Introdução (obrigatório)

INTRODUÇÃO
O colostro é a secreção inicial da glândula mamária de vacas, secretada logo após o parto. Possui teores consideravelmente maiores de sólidos e proteínas, quando comparados ao leite, além de ser responsável pela transmissão de Imunoglobulinas, essenciais para o desenvolvimento da imunidade passiva dos bezerros. Assim, o consumo, e principalmente a absorção de imunoglobulinas presentes no colostro são condições fundamentais para o bezerro adquirir imunidade, até que seu sistema imune se torne completamente funcional (GUERRA, G. A. et al., apud, GODDEN, TIZARD, 2017). Pesquisas apontam que um bezerro ao nascer tem reservas energéticas suficientes para apenas 18 horas após o parto, se não consumir o colostro (REECE, 2017). A quantidade de colostro ingerida afeta diretamente o desenvolvimento da imunidade, garantindo a saúde e a sobrevivência do mesmo. Além disso, benefícios a longo prazo estão associados ao sucesso da transferência de imunidade passiva, sendo eles: redução da mortalidade no período pós-desmame, melhor taxa de ganho e de eficiência alimentar e redução da idade ao primeiro parto (GODDEN, 2008).
Algumas ferramentas auxiliam na avaliação da qualidade do colostro evitando que ocorram falhas na transferência desta imunidade, conhecida como passiva (GOMES, 2021). Para garantir a qualidade do colostro administrado, diversas metodologias analíticas são empregadas. Entre estas, destacam-se o ensaio de imunodifusão radial (RID), considerado o padrão ouro, o colostrômetro e o refratômetro de Brix. A aplicação desses instrumentos visa a avaliação rigorosa das propriedades do colostro, assegurando adequada quantidade de imunoglobulinas, para a transferência eficiente de imunidade e suporte nutricional. Este trabalho tem como objetivo avaliar a utilização de outro equipamento, o refratômetro de proteínas totais, para determinação de imunoglobulinas no colostro bovino.

Material e métodos (obrigatório)

O estudo foi realizado em propriedades leiteiras nos estados de SC e RS, no período de novembro de 2021 até janeiro de 2023. Foram avaliadas 86 amostras de colostro oriundos de vacas multíparas e primíparas, com idade entre 2 a 9 anos, das raças Jersey, Holandesa e Mestiça, não classificando a variável racial, neste estudo. As amostras foram coletadas através de ordenha manual, por ordenhadores treinados, no dia do parto das vacas, num volume de 600 ml, acondicionadas em embalagem pet e identificadas, sendo congeladas em seguida e enviadas ao laboratório de Análises Clínicas da UNOCHAPECÓ. Utilizou-se três métodos para determinação de imunoglobulinas das amostras, sendo o colostrômetro, o refratômetro de brix e o refratômetro de proteínas totais. Para as análises, amostras de colostro foram descongeladas em ordem de coleta, em banho maria a 37ºC, à temperatura ambiente de 22°C. A concentração de imunoglobulinas no colostro foi avaliada com a utilização de colostrômetro, de acordo com escala calibrada em intervalos de 5 mg/mL, classificando o colostro conforme a concentração de imunoglobulinas em: baixa qualidade, com concentração de até 20 mg/mL; média qualidade, com concentração entre 21 a 50 mg/mL e acima desse valor, colostro de alta qualidade (BERTIER et al., 2015). Utilizou-se 500 ml da amostra, obtendo os resultados da leitura e tabuladas em planilha específica.  Em seguida, cada amostra foi avaliada no Refratômetro de Brix e no Refratômetro de Proteínas Totais, registrando a mensuração na planilha. Para esta mensuração, a amostra foi diluída na proporção de 1:1 com água destilada, a fim de  permitir a leitura pelo equipamento. Após a leitura de todas as amostras, os resultados foram tabulados e avaliados através de estatística percentual, com auxílio do programa Excel. 

Resultados e discussão (obrigatório)

O valor de imunoglobulinas das 86 amostras de colostro, medidas pelo colostrômetro resultaram em 68 amostras de alta qualidade (79,1%), 12 amostras de média qualidade (14%) e nenhuma amostra de baixa qualidade. A correlação entre a leitura de imunoglobulinas no colostrômetro e no refratômetro de BRIX foi de 87,8%, enquanto que, para amostras avaliadas utilizando o colostrômetro e o refratômetro de proteínas totais, a correlação foi de 85,4%, ambas resultando em alta correlação.  Segundo Deelen et al. (2014), em estudo desenvolvido, as mensurações do refratômetro Brix foram altamente correlacionadas com IgG sérico e verificaram que proteína total sérica foi positivamente correlacionada com %Brix e concentração de IgG medida por  ensaio de imunodifusão radial, que é o padrão ouro. O uso de refratômetros de Brix ou de proteína total no monitoramento de manejo do colostro é vantajoso, pois são ferramentas rápidas, simples e baratas que podem ser usadas dentro das propriedades (De Souza et al., 2021).  

Conclusão (obrigatório)

Tanto o refratômetro de brix, quanto o refratômetro de proteínas totais apresentaram alta correlação nas mensurações de imunoglobulinas, quando equiparadas ao colostrômetro. Entretanto, até o momento, não há estudos avaliando o refratômetro de proteínas totais para a mensuração de imunoglobulinas no colostro bovino. Sugere-se, desta forma, que o refratômetro de proteínas totais seja melhor avaliado como um alternativa ao uso do refratômetro de brix à leitura de imunoglobulinas no colostro de bovinos a campo.

Referências bibliográficas (opcional)

Bartier, A.L., Windeyer, M.C., Doepel, L. Avaliação de ferramentas na fazenda para medição da qualidade do colostro. J. Dairy Sci. 98: 1878 - 1884, 2015.

Deelen, S. M., et al., Evaluation of a Brix refractometer to estimate serum immunoglobulin G concentration in neonatal dairy calves. J. Dairy Sci. 97 :3838–3844, 2014.

GUERRA A., GUILHERME et al. Neonatologia em bezerros: a importância do colostro. Revista de Educação continuada em medicina veterinária e zootecnia do CRMV-SP. v. 15, n. 3, p. 32-41, 2017. Disponível em:
https://www.revistamvez-crmvsp.com.br/index.php/recmvz/article/view/37632/42335. Acesso em: 20/07/2024

REECE, W.O. Fisiologia dos animais domésticos, 13 edição. In: Minha biblioteca, Unochapecó. Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: < https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788527731362/epubcfi/6/10[%3Bvnd.vst.idref%3Dcopyright]!/4/16/2/1:2[%2C14. Acesso em: 12 jan. 2024.

GODDEN, S. Colostrum management for dairy calves. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v. 24, n. 1, p. 19-39, 2008.

GOMES, V.; PADILHA, L. Principais cuidados e erros para análise Brix e proteína do soro. Milkpoint. 2021. Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/colunas/viviane-gomes/principais-cuidados-e-erros-para-analise-brix-e-proteina-do-soro-226240/. Acesso em: 25 out. 2021.

Área

Geral

Autores

Juscivete Fatima Favero, Eliana Lucia Fiorentin