Congresso Brasileiro do Leite

Dados do Trabalho


Título

Evaluation of mature production and the relative performance during the first two lactations of milk-recorded Holstein cows in Paraná State

Titulo em português

Avaliação da produção a idade adulta e do desempenho relativo durante as duas primeiras lactações de vacas Holandesas em controle leiteiro no Estado do Paraná

Introdução (obrigatório)

O descarte é um processo que impacta a demografia do rebanho, influenciando diretamente a longevidade das vacas. Nos principais países produtores, há relatos de vida produtiva de 2,5 a 4 anos (DE VRIES & MARCONDES, 2020). Assumindo o primeiro parto com 2 anos de idade, isto representa uma vida útil de 4,5 a 6 anos. Esta idade de saída do rebanho é considerada prematura por muitos, pois coincide com o pico produtivo, que tipicamente ocorrem entre a terceira e a quinta lactação.
Rebanhos leiteiros mais jovens, com maior proporção de primíparas, apresentam maior progresso genético, convivem com menos doenças e apresentam maior fertilidade. Por outro lado, rebanhos mais longevos têm menores custos com reposição e também apresentam maior produção de leite média (DE VRIES & MARCONDES, 2020).
Esse trabalho objetiva estimar as variáveis demográficas de rebanhos leiteiros, como proporção de vacas de diferentes ordens de parição e idade média dos animais, assim como comparar as produções de leite, gordura e proteína das diferentes paridades ao longo dos anos, a partir de um banco de dados de vacas em controle leiteiro oficial no Paraná.

Material e métodos (obrigatório)

O presente estudo utilizou o banco de dados da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH), resgatando informações de controle leiteiro oficial mensal de 2000 até 2022 (23 anos). O banco de dados originalmente tinha 1.171.488 lactações, com produções de leite, gordura e proteína em 305 e 365 dias. Na edição do banco de dados original foram excluídas lactações fora do Paraná, anteriores ao ano 2000, de vacas não Holandesas, apresentando DEL <180 e >550 dias, sem ordem de parto, vacas com idade <20 e >200 meses, vacas primíparas (P1) com idade <20 e >36 meses, vacas secundíparas (P2) <32 e >54 meses e vacas multíparas (P3+) <44 e >200 meses, sem mesorregião e lactações sem produções de gordura e proteína. Após implementar todas estas edições, restaram 478.954 lactações (40,9% dos dados originais), oriundas de 215.091 vacas distribuídas em 1390 rebanhos. Após edições, a análise estatística foi conduzida no software SAS versão 9.4, utilizando os procedimentos MEANS para estimar as médias brutas e MIXED para estimar as médias ajustadas de produções de leite, gordura e proteína em 305 dias, analisando as produções das primíparas em relação às multíparas (P1/P3+) e das secundíparas em relação às multíparas (P2/P3+) no período de 23 anos.

Resultados e discussão (obrigatório)

Inicialmente constatamos que 86,7% das lactações eram oriundas da região Centro-Oriental Paranaense (Campos Gerais do Paraná) evidenciando a popularidade do controle leiteiro oficial de rebanhos nesta região. No presente estudo, o número de lactações médio foi 2,28 ± 1,40 (1 a 14 lactações) e a idade média ao parto foi de 44,4 ± 22,7 meses (todas as vacas, de P1 a P3+). A distribuição das lactações por paridade foi de 181.122 (37,82%) lactações de P1, 128.084 (26,74%) de P2 e 169.748 (35,44%) de P3+. Estes números não surpreendem, pois de fato esperávamos que a proporção de P1 ficaria entre 35 e 40%, e a proporção de P3+ ficaria ao redor de 35%. A evolução na produção de leite e componentes foi evidente ao longo dos 23 anos de estudo. O progresso fenotípico anual médio foi de 128,30 ± 0,55 kg de leite/ano, 6,14 ± 0,02 kg de gordura/ano e 5,05 ± 0,02 kg de proteína/ano, e este incremento ocorreu em todas as paridades.  Ao avaliarmos os incrementos nos teores de gordura e proteína notamos que os teores de gordura médios estavam ao redor de 3,20% no início da década de 2000 e estão hoje, ao redor de 3,65%. Um incremento similar aconteceu com os teores de proteína; de 2,96% em 2001 para 3,26% em 2019. Também foi possível constatar que os incrementos nos teores de gordura e proteína foram modestos entre 2000 e 2010, mas a partir de 2011, com a adoção dos sistemas de pagamento de leite por qualidade na região dos Campos Gerais do Paraná, os aumentos foram expressivos.  O principal objetivo deste projeto era estimar o desempenho relativo nas duas primeiras lactações em relação às vacas adultas de 3 ou mais partos, bem como averiguar se houve mudanças importantes neste desempenho relativo ao longo das últimas duas décadas. Para produção de leite em 305 dias, no início da década de 2000, a produção de leite de uma primípara correspondia a 85% da produção de leite de uma multípara (P1/P3+ = 0,85), enquanto que a produção de leite de uma secundípara correspondia a 98% de uma multípara (P2/P3+ = 0,98). Agora, na primeira metade da década de 2020, estas relações estão ainda mais altas; P1/P3+ = 0,90 e P2/P3+ = 1,02. Estes números são ainda mais surpreendentes quando comparamos com dados de vacas canadenses (MOLANO et al., 2023), também em controle leiteiro oficial: P1/P3+ = 0,80 e P2/P3+ = 0,95.  Estas tendências também foram observadas nas produções de gordura e de proteína em 305 dias; hoje primíparas e secundíparas da raça Holandesa no PR produzem 92% e 102% das produções de gordura e de proteína das multíparas.   O resultado mais importante e surpreendente deste estudo é a proximidade no desempenho produtivo das vacas jovens (primíparas e secundíparas), em relação às vacas adultas. Cabe investigar no futuro a razão desta proximidade; se são as vacas jovens que estão produzindo muito bem, ou se são as vacas adultas que não estão apresentando um desempenho satisfatório.

Conclusão (obrigatório)

Observou-se um progresso fenotípico notável nas produções de leite, gordura e proteína em 305 dias em vacas Holandesas do Paraná sob controle leiteiro oficial, particularmente na última década. Primíparas apresentam produções de leite, gordura e proteína ao redor de 90% das multíparas, enquanto que as vacas secundíparas já apresentam produções de leite e componentes similares ou até superiores às produções das vacas adultas.

Referências bibliográficas (opcional)

MOLANO, R.A.; et al. Evaluation of mature size, mature production and the relative maturity and performance during the first two lactations of DHI registered Holstein in Quebec. J. Dairy Sci. 106(Suppl. 1): 350 (Abstr.), 2023.
DE VRIES, A.; M.I. MARCONDES. Review: Overview of factors affecting productive lifespan of dairy cows. Animal, 14:S1, p.s155-s164, 2020.

Área

Geral

Autores

Giorgia D Albuquerque Zancan Bueno, Marianna Marinho Marquetti, José Augusto Horst, Altair Antonio Valloto, Rodrigo Almeida