Dados do Trabalho
Título
Avaliação do sistema de pulsação de equipamentos de ordenha em rebanhos leiteiros do Oeste de Santa Catarina
Titulo em português
Avaliação do sistema de pulsação de equipamentos de ordenha em rebanhos leiteiros do Oeste de Santa Catarina
Introdução (obrigatório)
O sistema de pulsação de um equipamento de ordenha mecânica depende de um dispositivo denominado pulsador, regulado para permitir as mudanças cíclicas de pressão no interior da câmara de pulsação de cada teteira e através do diferencial de pressão, cada ciclo de pulsação pode ser dividido em quatro fases (A, B, C e D).
Na fase A ocorre a abertura da teteira para estimular a descida do leite, na fase B a teteira permanece aberta para a extração do leite e o teto fica sob ação do vácuo. Na fase C ocorre o fechamento da teteira e durante a fase D, a teteira colapsa totalmente entorno do teto para acontecer o seu massageamento.
As diretrizes recomendam que a fase B seja maior de 30% do ciclo de pulsação e a fase D, seja maior que 15% do ciclo de pulsação, além disso, a relação entre a fase extração do leite (Fases A+B) e de massageamento do teto (Fases C+D) atendam a relação de 60:40, com 60 ciclos de pulsação por minuto (ISO 5707, 2007). Estas condições do sistema de pulsação assumem agilidade na ordenha mantendo a integridade da extremidade do teto.
A preocupação entorno da assistência técnica prestada às propriedades comerciais fomenta esta pesquisa diagnóstica, que tem o objetivo de constatar o funcionamento do sistema de pulsação de equipamentos de ordenha do Oeste do estado de Santa Catarina.
Material e métodos (obrigatório)
A pesquisa foi conduzida em 116 propriedades comerciais oriundas da mesorregião Oeste do Estado de Santa Catarina. Durante 2021 e 2022, as propriedades foram visitadas uma única vez para a avaliação das características do equipamento de ordenha e da condição da extremidade dos tetos de cada vaca ordenhada. A condição da extremidade do teto foi verificada após o desacoplamento da unidade de ordenha, pontuando cada teto em escore 1 (sem anel), 2 (anel liso ou levemente áspero), 3 (anel áspero) ou 4 (anel muito áspero) (Mein et al., 2001). Anotou-se a quantidade e o modelo dos pulsadores (mecânico ou eletrônico) de cada propriedade. A condição estática de cada pulsador foi aferida com um pulsógrafo eletrônico e portátil (MilkoTest MT52, BEPRO®), em que, foram mensuradas a taxa de pulsação (pulsações por minuto) e a duração das fases do ciclo de pulsação (Fases A, B, C e D em milissegundos). A condição da superfície interna da teteira foi pontuada pela inspeção visual e tátil, considerando o estado de nova (flexível, lisa e bocal macio) ou desgastada (enrijecida, áspera, íngreme e bocal ondulado ou inflexível). A duração das fases do ciclo de pulsação foi transformada em proporção (%) do ciclo e os resultados foram analisados pela estatística descritiva.
Resultados e discussão (obrigatório)
O baixo número médio de pulsadores identificado na Tabela 1 desta pesquisa, apontou que pequenos rebanhos eram ordenhados no Oeste de Santa Catarina. Acredita-se que esse fator tenha sido preponderante na baixa adoção de pulsadores eletrônicos, considerados mais eficientes, todavia, mais dispendiosos. A frequência de pulsação média atendeu às diretrizes, mas a amplitude dos valores alertaram para a existência de irregularidades, causada pela ausência de regulagem, danos no equipamento ou desgaste nas teteiras. A pulsação adequada remove beneficamente cerca de 40% das células de queratina maduras que revestem o canal do teto, por outro lado, a baixa frequência de pulsação diminui a taxa de renovação celular e a pulsação excessiva expõe as células imaturas (Mein, 2012), sendo esta, uma das causas do aumento do escore de ponta de teto. As fases do ciclo de pulsação mostraram valores médios satisfatórios, visto que a proporção das fases A e D não foram um problema nos equipamentos avaliados, visto que, atenderam aos parâmetros mínimos para cada fase. Além disso, a relação de pulsação 59:41 está próxima da relação mencionada na ISO 5707 (2007) e indicou que, em cada ciclo de pulsação, o equipamento passava 59% do tempo na fase de extração do leite e 41% do tempo na fase de massagem do teto. Entretanto, encontraram-se pulsadores com a fase B menor de 30%, fase D menor de 15% e relação de pulsação com valores inadequados ressaltando a importância da assistência técnica especializada independente do tamanho da propriedade comercial. Tabela 1. Características do equipamento de ordenha e condições da extremidade dos tetos das vacas de propriedades comerciais do Oeste de Santa Catarina. Variável Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Condição da teteira¹ 1,61 0,49 1,00 2,00 Frequência de troca das teteiras² 1,44 0,50 1,00 2,00 Tipo de pulsador³ 3,00 1,09 1,00 6,00 Escore de ponta de teto (média por vaca) 2,12 0,47 1,22 3,33 Pulsação (pulsações por minuto) 59,80 6,44 43,03 82,55 Fase A (%) 20 0,04 11 33 Fase B (%) 39 0,04 28 48 Fase C (%) 13 0,02 8 24 Fase D (%) 28 0,03 13 33 Fase A+B (%) 59 0,02 53 67 Fase C+D (%) 41 0,02 32 47 ¹Condição de teteira desgastada = 1 e nova = 2. ²Frequência de troca acima de 6 meses = 1 e frequência de troca em até 6 meses = 2. ³Tipo de pulsador 1= mecânico; 2= eletrônico.
Conclusão (obrigatório)
O sistema de pulsação das propriedades comerciais mostrou-se satisfatório, ainda assim, indica-se a assistência técnica especializada para diminuir a amplitude dos valores médios identificados. A assistência visa melhorar as condições do equipamento de ordenha, corrigir a frequência de pulsação, duração das fases B e D, bem como as relações entre as fases de extração do leite e massagem do teto, visto que ele é a interface do equipamento de ordenha com a glândula mamária, sendo necessário o conforto da vaca e a preservação da taxa de renovação celular durante a ordenha.
Referências bibliográficas (opcional)
ISO. International Organization for Standardization, 2007. Milking machine installations – ISO 5707 construction and performance. Int. Organ. Stand.
MEIN, G.A. The role of the milking machine in mastitis control. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v.28, n.2, p.307–320, 2012.
Área
Geral
Autores
Beatriz Danieli, André Thaler Neto, Leonardo Leite Cardozo