Dados do Trabalho
Título
Antibioticoterapia intramamária combinada ou não à sistêmica em vacas com mastite subclínica no momento da secagem
Introdução (obrigatório)
A terapia de vaca seca é uma importante estratégia para tratamento de vacas com mastite subclínica no momento da secagem. Essa abordagem permite uma maior taxa de cura do que os tratamentos durante a lactação, além de não haver descarte ou risco de contaminação do leite com resíduos de antimicrobianos (SPINOSA et al., 2017). Vários protocolos são descritos para o tratamento de vaca seca, os quais envolvem principalmente o uso de antimicrobianos intramamários de longa ação e selante de tetos, com resultados promissores. A associação de antimicrobianos intramamários e sistêmico na terapia de vaca seca mostrou ser uma estratégia eficiente para redução na taxa e severidade de mastite aguda e crônica e menores contagens de células somáticas (CCS) nos primeiros 100 dias de lactação (ISMAIL et al., 2018). No entanto, ainda existem poucos estudos avaliando este protocolo usando diferentes antimicrobianos. Portanto, o objetivo do estudo foi avaliar o efeito da associação entre antibioticoterapia intramamária e sistêmica sobre a CCS nas três primeiras semanas de lactação em vacas com mastite subclínica no momento da secagem.
Material e métodos (obrigatório)
Foram utilizadas 42 vacas Holandês, Jersey e mestiças (Holandês x Jersey) com peso vivo de 580±50 kg, 358±84 dias em lactação e produção de 21,5±9 kg de leite na secagem. Para inclusão no estudo as vacas deviam: ter um quarto mamário com CMT ≥ +, sem sinais clínicos de enfermidades, período seco previsto entre 40 e 80 dias, ausência de mastite clínica na secagem e não estar sob tratamento com antimicrobianos. As vacas foram selecionadas de acordo com a ordem de parto e CMT, e distribuídas aleatoriamente em um dos tratamentos; Controle (IMM; n=24): somente terapia intramamária (cloridrato de ceftiofur 500 mg) + selante e Tratamento intramamário e parenteral (IMM+P; n=18): terapia intramamária + selante + 4,4 mg/kg de sulfato de gentamicina intramuscular em dose única. Foi realizado coleta de leite para análise de CCS logo após os procedimentos de pré-dipping no dia da secagem, dia 7±2 (semana 1), 15±2 (semana 2) e 25±2 (semana 3) pós-parto. As amostras foram coletadas manualmente do teto com maior reação no CMT. No mesmo dia de cada coleta foram avaliados o escore de ponta de tetos (EPT), escorre de condição corporal (ECC), escorre de higiene de úbere (EHU) e escorre de claudicação (EC). A CCS foi transformada em escore de células somáticas (ECS) log2. Os dados foram testados para a normalidade de resíduos e submetidos à ANOVA com medidas repetidas no tempo. O modelo estatístico incluiu tratamento, semana pós-parto e interação entre tratamento e semana.
Resultados e discussão (obrigatório)
No momento da secagem, o ECS, ordem de parto, produção de leite, EPT, ECS, EC, ECC e EHU, não diferiram entre os tratamentos (P > 0,05). O ECS tendeu (P = 0,06) a ser menor no pós-parto em vacas IMM+P comparadas a IMM, diminuindo em ambos os tratamentos no pós-parto em relação à secagem (Figura 1). Os valores médios ± erro padrão da média (EPM) foram de 4,32±0,28 para o tratamento IMM e 3,52±0,32 para o tratamento IMM+P, não havendo interação entre tratamento e semana (P = 0,88). A associação entre antibioticoterapia local e sistêmica, permite que os antimicrobianos atinjam estruturas mais internalizadas do úbere (alvéolos mamários), garantindo assim maior eficiência no combate de infecções múltiplas e crônicas. ISMAL et al. (2018) ao associar antibioticoterapia intramamária e sistêmica observou redução na taxa e severidade nos quadros de mastite aguda e crônica nos primeiros 100 dias de lactação, bem como redução na CCS. Figura 1. ECS média ± EPM para tratamentos intramamário (IMM) e intramamário + parenteral (IMM+P) nos diferentes momentos de coleta. Não foi observado efeito do EHU, EC e do ECC sobre o ECS (P > 0,05). No entanto, a mudança de condição corporal entre a secagem e a terceira semana pós-parto afetou (P = 0.04) o ECS nas primeiras semanas pós-parto (ECS = 0.0449 - 1.8037 * mudança de ECC), de modo que a maior perda de ECC está relacionada com aumento no ECS, independente do tratamento ao qual as vacas foram submetidas. A maior incidência de doenças infecciosas, destacando-se a mastite, em vacas que perdem excessiva condição corporal no pós-parto está associada à redução da atividade da mieloperoxidase e diminuição da atividade neutrofílica (HAMMON et al., 2006) compromentendo a destruição dos microorganismos.
Conclusão (obrigatório)
Vacas com mastite subclínica na secagem tratadas associando antibioticoterapia intramamária e parenteral tenderam a apresentar menor ECS nas três primeiras semanas pós-parto. A maior perda do ECC foi associado ao maior ECS, independente do tratamento aplicado.
Referências bibliográficas (opcional)
HAMMON, D. S. et al. Neutrophil function and energy status in Holstein cows with uterine health disorders. Veterinary Immunology and Immunopathology, v. 113, n. 1-2, p. 21-29, 2006. doi: 10.1016/j.vetimm.2006.03.022.
ISMAIL, Z. B. et al. The effect of dry cow therapy using systemic tylosin in combination with common intramammary medications on mastitis rate, cull rate, somatic cell count, and milk production in dairy cows affected with subclinical mastitis. Veterinary World, v. 11, n. 9, p. 1266, 2018. doi: 10.14202/vetworld.2018.1266-1271.
SPINOSA, H. S. et al. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 6.ed.
Área
Geral
Autores
Anderson Rigo dos Santos, Carlos Bondan, Roberto Kappes, André Thaler Neto