Congresso Brasileiro do Leite

Dados do Trabalho


Título

BOAS PRÁTICAS DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE EM PEQUENAS PROPRIEDADES DO ALTO SERTÃO SERGIPANO

Introdução (obrigatório)

O leite é um alimento completo, bastante consumido desde a antiguidade pelos seres humanos devido ao seu grande aporte em nutrientes, e por ser uma boa fonte de proteínas (PEIXOTO et al., 2022). Tanto a produção quanto a qualidade do leite são influenciados por fatores inerentes ao animal e ao ambiente.
Leite de má qualidade está associado a falhas durante a produção, como falta de higiene na ordenha, disseminação de mastite no rebanho e a falta de higienização adequada dos equipamentos de ordenha (TISCHER et al., 2018).
Segundo Dias et al. (2020) para a obtenção de um leite de qualidade, boas práticas de ordenha devem ser adotadas, tendo em vista que, uma das principais práticas a serem empregadas deve ser a higiene, para obtenção de uma matéria-prima sem riscos de contaminações, evitando, assim, perdas econômicas tanto para o produtor quanto para o estabelecimento responsável pelo processamento.
Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo realizar o diagnóstico das propriedades, avaliar a qualidade do leite, e identificar os principais gargalos que poderiam interferir na qualidade do leite produzido em pequenas propriedades no Alto Sertão Sergipano.

Material e métodos (obrigatório)

O trabalho foi desenvolvido em nove propriedades leiteiras que faziam parte do quadro de fornecedores de leite de uma queijaria localizada no município de Nossa Senhora da Glória – SE, nos meses de agosto a dezembro de 2023. Inicialmente foram feitas visitas para realização do diagnóstico da situação atual da propriedade, através do aplicativo Evomilk. O diagnóstico realizado foi o mesmo que serviu como base para a implementação do Plano de Qualificação dos Fornecedores de Leite (PQFL) da queijaria, onde abordou todos os pré-requisitos estabelecidos na Instrução Normativa 77 de 2018. Após a realização de todos os diagnósticos, o foco do trabalho voltou-se para as informações relacionadas ao manejo de ordenha e pós ordenha. Após a realização do diagnóstico, foram coletadas amostras de leite de cada propriedade para avaliação da composição centesimal e da contagem de células somáticas (CCS) do leite. Para o recolhimento das amostras, foi realizada homogeneização do leite e coletados, aproximadamente, 50 mL de leite, utilizando coletor de inox previamente sanitizado, seguido do acondicionamento em frascos contendo conservante Bronopol, identificados, transportados sob refrigeração e enviados para análise no laboratório Clínica do Leite, credenciado à Rede Brasileira de Qualidade do Leite (RBQL). Posteriormente, foram escolhidas três das nove propriedades para realização de teste de mastite clínica por meio do teste da caneca de fundo preto e de mastite subclínica por meio do teste de CMT. A escolha das propriedades se deu mediante avaliação dos dados de diagnóstico da propriedade, onde foram escolhidas aquelas que não realizavam nenhum dos testes. Após a coleta de informações, todos os dados foram avaliados por meio de estatística descritiva.

Resultados e discussão (obrigatório)

Das 9 propriedades analisadas, 66,7% extraíam leite de forma manual e 33,3% de forma mecânica. Foi observado que nem todos os produtores realizavam a devida higienização dos tetos, nem antes e nem depois da ordenha, onde apenas 33,3% realizavam manejo de pré-dipping e 55,56% o pós-dipping. A ausência desses manejos deixa as vacas mais susceptíveis a infecções por microrganismos, e tais infecções causam a mastite, elevando a quantidade de células somáticas presentes no leite, diminuindo assim sua qualidade. A maioria dos produtores não realizava os procedimentos de identificação de mastite no rebanho onde 88,89% dos entrevistados não realizavam o teste CMT e 66,67% deles não utilizava a caneca de fundo escuro. Por meio da identificação da mastite seja clínica ou subclínica, é possível reduzir os malefícios gerados na qualidade do leite e os elevados custos com o tratamento da doença (DUBENCZUK, 2019). Em relação aos resultados de composição centesimal, todas as propriedades apresentaram os teores de gordura, proteína, lactose, sólidos totais e extrato seco desengordurado dentro do padrão preconizado pela legislação vigente. Porém, apenas 22,2% das propriedades apresentaram CCS do leite inferior a 500.000 cél./mL, enquanto 77,8% do leite analisado estava acima desse valor. A IN 76 de 2018 estabelece que o valor máximo para a contagem de células somáticas seja de 500.000 cél./mL para o leite obtido em propriedades no Brasil (BRASIL, 2018). Quanto aos testes de mastite realizados nas três propriedades, foi possível observar que apenas em uma das propriedades (33,3%) houve presença de mastite clínica quando feito o teste da caneca. Já a mastite subclínica, pelo uso do teste CMT, foi observada em 100% das propriedades, onde em todas elas a mastite subclínica estava presente em mais de 60% do rebanho.

Conclusão (obrigatório)

Conclui-se que quando produtores de leite não adotam as boas práticas de ordenha, esta falha é refletida em alta contagem de células somáticas e altos índices de mastite no rebanho.

Referências bibliográficas (opcional)

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa Nº 76, de 26 de dezembro de 2018. Brasília-DF. Ministério da Agricultura e Pecuária, nov, 2018. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/52750137/do1-2018-11-30 instrucao-normativa-n-76-de-26-de-novembro-de-2018-52749894IN%2076. Acesso em: 18 de julho de 2024.
DIAS, J. A. et al. Ordenha e boas práticas de produção. In: SALMAN, Ana Karina Dias et al. Pecuária Leiteira na Amazônia. 1ª ed. Brasília, DF: EMBRAPA, cap. 6, p. 105-130, 2020.
PEIXOTO, M. G. C. D. et al. O leite bovino que produzimos e consumimos. Brasília, DF: EMBRAPA, p.28, 2022
TISCHER, N. F. et al. Boas práticas de higiene durante a ordenham. Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, v.1, n.1, p. 179–187, 2018.

Área

Geral

Autores

Suelange Oliveira Cruz, Ricardo Honorato Santos, Clara Jordane Nascimento Nunes, Thiago Vinicius Costa Nascimento, Braulio Rocha Correia, Glenda Lídice de Oliveira Cortez Marinho, Lígia Maria Gomes Barreto, Juliana Paula Felipe de Oliveira