Congresso Brasileiro do Leite

Dados do Trabalho


Título

Tipologia e caracterização de sistemas de produção de leite

Introdução (obrigatório)


A atividade leiteira desenvolvida no Paraná e em todo o território nacional tem como característica a heterogeneidade dos sistemas de produção. Segundo Lange et al. (2016), uma propriedade leiteira ou unidade de produção pode ser chamada de “Sistema de Produção”, porém, há uma grande diversidade sobre a definição do sistema de produção para cada unidade produtiva, oriunda das associações e combinações de vários fatores ligados diretamente e indiretamente à produção. Nesse contexto, a atividade leiteira permite uma coexistência de diversos modelos de sistemas de produção simultaneamente, numa mesma região ou localidade, assegurando a diversidade (Neumann et al., 2016).
Para tanto, há a necessidade de se utilizar ferramentas que auxiliem no entendimento desses sistemas. Bodenmuller Filho et al. (2010), afirmam que a caracterização e o agrupamento dos sistemas de produção são possíveis por meio de estudos de tipologias de sistemas de produção leiteira
A tipificação de sistemas de produção visa à identificação de limitantes do setor lácteo e para a implementação de projetos e programas que visem o desenvolvimento do mesmo (Resende & Stock, 2014). Assim é possível entender minunciosamente o desempenho de cada sistema e adequar os manejos e tecnologias para o aperfeiçoamento dos processos produtivos com o aumento da produção por unidade animal e por área (Silva et al. 2010).
Portanto, objetivou-se com o presente estudo tipificar os sistemas de produção de leite, com a utilização de análise fatorial, identificando os fatores que caracterizam os diferentes sistemas de produção, com base na similaridade das variáveis estudadas

Material e métodos (obrigatório)

O presente estudo foi realizado nas regiões Oeste e Centro Oriental do Estado do Paraná. A coleta de dados foi realizada em 353 sistemas de produção de leite (SPL) utilizando-se um questionário guia estruturado (em que as respostas são as opções), que continha informações socioeconômicas, ambientais, manejo nutricional, reprodutivo, sanitário, manejo de ordenha e índices zootécnicos, totalizando 162 perguntas com respostas quantitativas (variáveis numéricas) e qualitativas (variáveis categorizadas). Os dados acerca dos sistemas de produção foram obtidos mediante entrevista com cada um dos produtores, ou com os responsáveis pela decisão sobre a atividade do leite. Essas entrevistas obedeceram à metodologia utilizada por Solano et al. (2000) e Damasceno et al. (2005). Os 353 produtores entrevistados foram escolhidos por indicação de agentes que prestam assistência técnica as propriedades (ATER) das regiões estudadas, tendo como único requisito: possuir atividade leiteira na propriedade. Para a análise estatística dos dados coletados optou-se pela Análise Fatorial Exploratória (AFE), sendo definido como método de extração a Análise do Componente Principal (ACP). Foram suprimidas as variáveis que possuíram baixa e média carga fatorial (Fávero et al., 2009). Para determinação do número de fatores foi utilizado o critério de Kaiser, segundo o qual escolhe-se em função do número de autovalores acima de 1,0, como proposto por Fávero et al. (2009) e Hair et al. (2005).

Resultados e discussão (obrigatório)

Foi possível determinar o perfil geral dos sistemas de produção de leite (SPL), através da seleção de variáveis socioeconômicas. Do total de 353 SPL observou-se que a idade média dos responsáveis pela atividade leiteira era de 47 anos, variando de 20 a 82 anos. Constatou-se que 67% dos SPL atuam a mais de 20 anos na produção leiteira, caracterizando um perfil de produtores com experiência na atividade. O perfil produtivo dos SPL apresentou grande amplitude, o tamanho das propriedades varia de 1,5 a 750 hectares, com média de 29,5 hectares/SPL, caracterizando-os como produtores de pequena propriedade com áreas de 1 a 4 módulos fiscais (1 módulo fiscal da Região Extremo Oeste- PR é composto por 18 hectares e na região Centro Oriental-PR varia de 12 a 16 hectares). O número total de vacas em lactação apresentou variação de 1 a 600 vacas, tendo em média 37 animais em lactação por SPL. A produção diária de leite apresentou uma média de 913 L/dia variando de 14 a 24.000 L/dia por SPL. Pode-se observar que 53% da produção diária está concentrada em apenas 10% das propriedades, as quais produzem acima de 2001 L/dia, em contrapartida, 15% da produção está concentrada em 62% das propriedades, as quais são pequenas propriedades, basicamente oriundas da agricultura familiar que produzem até 500 L/dia. Os resultados deste estudo assemelham-se com estudos anteriores (IPARDES, 2009; Parré, J. L., Bánkuti, S. M. S., & Zanmaria, N. A, 2011; Brito et al., 2015), os quais destacam a heterogeneidade de produtores no Paraná, com experiência na área e consequente acúmulo de conhecimento, que pode favorecer a adoção de práticas de gestão financeira. Por outro lado, essas informações que indicam experiência na atividade e possível acúmulo de conhecimento empírico (conhecimento prático adquirido com o passar do tempo na atividade), podem indicar maior dificuldade de absorção de mudanças tecnológicas (ex.: utilização de alguma técnica de manejo ou até mesmo um produto lançamento de mercado), mercadológicas (ex.: forma de bonificação e remuneração do produto) e institucionais (ex.: cooperativas), podendo deixar a atividade leiteira mais suscetível, como por exemplo: as oscilações sazonais de mercado que ocorrem principalmente devido as diferenças de oferta e demanda do produto no mercado nacional e internacional. Todos os resultados desse trabalho demonstram que a atividade leiteira sofre influência muito grande de várias variáveis, dentre elas: sociais, culturais, econômicas e estruturais ficando difícil enumerar apenas uma ou outra variável que mais influencia a produção, tendo como um exemplo de fator que pode influenciar a viabilidade da atividade, podemos destacar o tipo de mão de obra adotado, ou seja, familiar, contratada ou mista (Lopes et al., 2012). Com isso é possível ter uma noção da representatividade dos SPL estudados e da possível utilização na comparação em estudos futuros.

Conclusão (obrigatório)

A análise fatorial se mostrou uma ferramenta muito útil para estudo de sistemas de produção de leite, identificando os principais fatores que caracterizam os diferentes sistemas de produção, com base na similaridade das variáveis estudadas.

Agradecimentos (opcional)

À CAPES pelo financiamento da bolsa de estudos.

Área

Geral

Autores

Maichel Jhonattas Lange, Maximiliane Alavarse Zambom, Maria Luiza Fischer, Caroline Hoschid Werle, Rodrigo Cesar Reis Tinini, André Sanches Avila, Andressa Faccenda