Congresso Brasileiro do Leite

Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇÃO DA TAXA DE CURA CLÍNICA DE DIFERENTES BASES DE ANTIBIÓTICOS INTRAMAMÁRIOS EM CASOS LEVES DE MASTITE.

Introdução (obrigatório)

O maior uso de antimicrobianos intramamários nas propriedades leiteiras é relacionado aos tratamentos dos casos clínicos e subclínicos de mastite. Os tratamentos dos casos clínicos ocorrem durante a lactação e no momento da secagem das vacas e o tratamento dos casos subclínicos geralmente no momento da secagem.
Dentre as opções de tratamento com antimicrobianos via intramamária para mastite clínica, existem a amoxicilina associada ao ácido clavulânico mais prednisolona, a Cefalexina associada a Neomicina mais predinisolona, e a Marbofloxacina.
Os 3 primeiros antimicrobianos citados pertencem a classe dos beta-lactâmicos, possuindo ação bactericida. O mecanismo de ação consiste em inibir a síntese do peptideoglicano que é responsável pela integridade da parede bacteriana.
A amoxicilina é um antibiótico de amplo espectro, recomendada para tratamento de mastites causadas por bactérias gram-negativas e gram-positivas. Sua associação com o ácido clavulânico tem como objetivo a degradação da amoxicilina pelas betalactamases, intensificando sua ação.
Já a cefalexina apesar de agir sobre algumas bactérias gram-negativas, tem sua atividade mais efetiva nas gram-positivas, sendo considerado um antimicrobiano de espectro reduzido. A neomicina pertencente a classe dos aminoglicosídeos tem sua ação baseada na interferência da síntese proteica das bactérias, sendo assim também uma base bactericida, sendo extremamente eficaz sobre as bactérias gram-negativas. Sua associação com a cefalexina faz com que o medicamento intramamário tenha uma ação eficaz nas bactérias gram-negativas e gram-positivas.
Já a marbofloxacina é uma droga pertencente a classe das fluorquinolonas que também possuem ação bactericida, e seu mecanismo de ação consiste na inibição da DNA-girase bacteriana, impedindo a divisão da célula bacteriana, e é considerado um antimicrobiano de amplo espectro.
O objetivo desse estudo foi comparar a taxa de cura clínica de três protocolos de tratamento intramamário em casos leves de mastite clínica.

Material e métodos (obrigatório)

Foi realizado um estudo retrospectivo de dados extraídos de seis fazendas, nos municípios de Uberlândia, Monte Alegre, Vazante, Piumhi, Lagoa Formosa e Patos de Minas, todas situadas no estado de Minas Gerais. Avaliou-se 3 diferentes protocolos com antibióticos intramamários no tratamento de casos leves de mastite clínica. Por se tratar de um estudo retroativo não foi possível definir a etiologia dos casos, o que também dificultou a avaliação microbiológica pós tratamento para definir se além de cura clínca houve cura microbiológica dos animais. Ao total foram obtidas 1199 anotações de casos de mastite clínica divididas em três grupos de tratamento. No grupo I estão os 450 casos (37,5%) tratados com cefalexina 100mg associada a neomicina 100mg mais predinisolona 10mg, grupo II são 229 casos (19,1%) tratados com marbofloxacina 100mg e grupo III são 520 casos (43,4%) tratados com amoxicilina 200mg associada ao ácido clavulânico 50mg mais predinisolona 10mg. O protocolo de utilização dos medicamentos foi o mesmo no grupo I e III, os intramamários foram aplicados duas vezes ao dia em um período de 3 a 5 dias. Já no grupo II, o intramamário foi aplicado uma vez ao dia, também no período de 3 a 5 dias. A taxa de cura clínica foi obtida a partir da divisão do total de casos curados pelo total de casos dentro de cada grupo. O caso clínico foi considerado curado a partir da avaliação do aspecto do leite após quatro dias da última aplicação de intramamário. Se ocorreu o desaparecimento das alterações visíveis do leite, esse caso obteve cura clínica.  

Resultados e discussão (obrigatório)

Dentre as bases de antimicrobianos analisadas, a que demonstrou maior taxa de cura clínica foi a Cefalexina associada a Neomicina e predinisolona com uma taxa de cura de 68,22% (307/450). No estudo de Langoni H et al. (2017) que analisaram 73 casos tratados com o mesmo medicamento, obtiveram uma taxa de cura de 82,29%. A segunda maior taxa de cura foi referente a Amoxicilina associada ao ácido clavulânico e predinisolona que correspondeu a 66,15% (344/520), em contrapartida num trabalhado realizado por Almeida et al. (2024), onde observaram o tratamento de 290 animais com essa mesma base obtiveram 90,3% de taxa de cura dos casos clínicos. A menor taxa de cura foi referente a Marbofloxacina, correspondendo a 55,90% dos casos (128/229). Numericamente a taxa de cura clínica do grupo I e grupo III são similares, os dois protocolos de tratamento consistem em uma associação de dois antibióticos e um anti-inflamatório. A associação com a predinisolona, pode estar ligada a melhor taxa de cura desses medicamentos, já que controla a reação inflamatória no úbere, evitando uma resposta exacerbada do sistema imune e a progressão do quadro clínico. Não foi possível o levantamento do histórico individual dos animais, dificultando assim a avaliação de taxa de cura por faixa de DEL, número de lactação e nível de produção.

Conclusão (obrigatório)

Diante dos fatores expostos, observou-se maior taxa de cura clínica nos casos leves tratados com o protocolo dos grupos I e III, referentes ás bases Cefalexina associada a Neomicina e Amoxicilina associada ao ácido clavulânico, ambas associadas a prednisolona, fator que pode ter influência na maior taxa de cura clínica devido a sua ação anti-inflamatória.

Referências bibliográficas (opcional)

ALMEIDA, K. G. S. DE et al. Treatment of non-severe mastitis in Brazilian dairy cows: a comparative study between amoxicillin-clavulanic acid and a conventional protocol. Ciência Rural, v. 54, n. 10, 2024.

LANGONI ET AL., H. Tratamento da mastite clínica bovina com associação de cefalexina, neomicina e prednisolona: resultados preliminares. Revista Acadêmica: Ciência Animal, v. 15, n. Suppl 2, p. 595, 29 ago. 2017.

SILVA, J. M. B. DA; HOLLENBACH, C. B. FLUOROQUINOLONAS X RESISTÊNCIA BACTERIANA NA MEDICINA VETERINÁRIA. Arquivos do Instituto Biológico, v. 77, n. 2, p. 363–369, jun. 2010.

DE ARRUDA, C. J. M. et al. REVISÃO BIBLIOGRAFICA DE ANTIBIÓTICOS BETA-LACTÂMICOS. Revista Saúde em Foco , v. 11, p. 982–995, 2019.

Área

Geral

Autores

Julli Mikaelle Alves Silva, Amanda Góes Valle, Júlia Fidelis Oliveira