Congresso Brasileiro do Leite

Dados do Trabalho


Título

Consumo e desempenho de bezerros da raça Holandês alimentados com leite integral ou sucedâneo – Metanálise

Introdução (obrigatório)

O leite é um alimento essencial para o crescimento e desenvolvimento de bezerros, fornecendo os nutrientes necessários durante a fase de aleitamento. O leite bovino proveniente de vacas da raça holandês é composto por aproximadamente 3,2% de proteínas, principalmente caseína, fundamentais para o crescimento e reparo dos tecidos musculares, além de desempenharem papéis importantes no sistema imunológico; em torno de 3,5% de gorduras, fonte de energia e essenciais para a absorção de vitaminas lipossolúveis; e cerca de 4,8% de carboidratos, principalmente lactose, também fonte de energia e para o desenvolvimento da microbiota intestinal. Os sucedâneos são fórmulas desenvolvidas para substituir o leite na alimentação de bezerros, quando o leite não está disponível ou a logística não permite seu fornecimento, ou ainda quando é necessário reduzir os custos de alimentação. A composição dos sucedâneos deve ser balanceada para atender às exigências nutricionais dos bezerros e geralmente inclui proteínas derivadas de fontes como soro de leite, proteínas vegetais (principalmente da soja) ou caseína. Os sucedâneos são enriquecidos com aditivos incluindo probióticos, prebióticos e enzimas digestivas para melhorar a digestão dos nutrientes. Apesar de serem formulados para alta digestibilidade, podem variar em qualidade de acordo com a origem de cada ingrediente. Os sucedâneos são geralmente mais baratos que o leite, porém, para atender a demanda nutricional dos animais os ingredientes de origem láctea no sucedâneo encarecem o produto. Desta forma, objetivou-se avaliar o desempenho de bezerros alimentados com leite ou sucedâneo, a partir de uma metanálise.

Material e métodos (obrigatório)

A formação da base de dados foi pelo acervo Science Direct Elsevier, período definido de 2010 a 2024, através das seguintes palavras chaves: “Dairy calves”, “weaning”, “performance” e “intake”, a partir das publicações (Research Papers) classificadas em áreas temáticas “Agricultural and Biological Sciences”, foram selecionados 41 artigos científicos de diversos continentes, sem restrição de local, para compilação de dados. Para que fossem selecionados, os artigos deveriam conter informações de ganho médio diário (GMD), peso vivo inicial (PVI), peso vivo final (PVF) e dias em aleitamento (DA) de bezerras(os) em um período experimental durante o aleitamento e apresentar dados de consumo da dieta líquida e sólida. Os dados de composição do leite e sucedâneo foram comparados por meio de teste T usando o PROC TTEST do SAS. As demais variáveis foram analisadas por meio de um modelo linear misto (PROC GLIMMIX do SAS).

Resultados e discussão (obrigatório)

O sucedâneo (12,83%) apresentou maiores teores de sólidos totais ( P<0,0001) do que o leite (12,06%) (Tabela 1). O teor de proteína não apresentou diferença (P=0,9395, 3,10% para ambos), já para teores de gordura obteve-se diferença (P<0,0001), com maiores valores para leite (3,43%) em relação ao sucedâneo (2,38%). Em contrapartida, os teores de lactose no sucedâneo foram maiores (6,08%) do que para leite (4,85%). Tais valores obtidos referenciam a variedade na formulação de sucedâneos fornecidos aos animais.  A oferta de colostro não foi diferente entre os dois tipos de dieta líquida (P=0,2653; leite = 4,7 L e sucedâneo = 4,2 L) pois a colostragem segue o mesmo padrão, com oferta nas primeiras 12 horas de vida, com cerca de 10% do peso vivo e qualidade do colostro com 22% de Brix. Diferenças na colostragem podem ser um fator de confundimento quando se trata de comparações entre diferentes dietas líquidas, devido ao efeito na morbidade, mas neste caso isso não é evidente. As diferenças nos teores de sólidos totais do leite e do sucedâneo diluído resultam em maior CMS da dieta líquida (P=0,0147) para bezerros aleitados com sucedâneo (0,90 kg vs. 0,67 kg de MS/dia, respectivamente; Tabela 2). Um maior consumo de MS proveniente de dieta líquida observado para bezerros aleitados com sucedâneo não afetou o consumo de dieta sólida nesta metanálise, assim como as demais variáveis de desempenho (Tabela 2).  Tabela 1: Médias ajustadas da composição da dieta líquida para leite e sucedâneo. Variável N Leite Sucedâneo P-valor Sólidos totais 111 12,06 ± 0,057 12,83 ± 0,105 <0,0001 Proteína 117 3,10 ± 0,020 3,10 ± 0,056 0,9395 Gordura 100 3,43 ± 0,040 2,38 ± 0,056 <0,0001 Lactose 85 4,85 ± 0,063 6,08 ± 0,501 0,0488     Tabela 2: Médias ajustadas para a dieta líquida fornecida entre leite e sucedâneo.     Dieta Líquida   Variável N Leite Sucedâneo P-valor Oferta de colostro (L/d) 122 4,7 ± 0,27 4,2 ± 0,38 0,2653 Dias em Aleitamento 137 59 ± 1,2 58 ± 1,8 0,4820 Consumo total de leite (L) 137 329 ± 10,2 355 ± 14,8 0,1509 Consumo de leite médio por dia (L/d) 137 5,6 ± 0,18 6,0 ± 0,25 0,2133 CMS da dieta líquida (kg de MS/d) 126 0,67 ± 0,052 0,90 ± 0,080 0,0147 CMS da dieta sólida 130 0,52 ± 0,056 0,51 ± 0,087 0,8985 CMS total 132 1,17 ± 0,071 1,38 ± 0,106 0,1100 Ganho de peso médio diário (kg/d) 137 0,63 ± 0,021 0,64 ± 0,030 0,8472 Eficiência alimentar 132 0,55 ± 0,043 0,56 ± 0,065 0,9724 Peso vivo final (kg) 134 77,3 ± 1,21 78,4 ± 1,78 0,6095  

Conclusão (obrigatório)

Não houve diferença no desempenho dos bezerros ao receber diferentes dietas líquidas quando o teor de sólidos do sucedâneo foi superior ao do leite. A escolha do tipo de dieta líquida deve considerar fatores como custo, disponibilidade, qualidade do sucedâneo, exigência nutricional de bezerros e treinamento dos tratadores, assim como a infraestrutura da fazenda.

Área

Geral

Autores

Gabriela Elena Scheineider, Ione Maria Pereira Haygert Velho, Marcos Busanello, Carla Maris Machado Bittar, Laura Marquetto, Bruna Rohte Schneider, Fernando Mello do Nascimento, João Pedro Velho