Dados do Trabalho
Título
PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DO LEITE DE VACAS HOLANDÊS E JERSEY E SUA RELAÇÃO COM O ÍNDICE DE CARGA TÉRMICA
Titulo em português
PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DO LEITE DE VACAS HOLANDÊS E JERSEY E SUA RELAÇÃO COM O ÍNDICE DE CARGA TÉRMICA
Contribuição para a sociedade (opcional)
A identificação de condições climáticas críticas para a composição do leite pode auxiliar os produtores de leite a adotarem medidas específicas de atenuar o calor e assim, garantir a saúde e produção de vacas leiteiras.
Introdução (obrigatório)
A produção de leite no Brasil cresce ano após ano, com destaque na região Sul que perde apenas para a região Sudeste, sendo o Sul responsável por aproximadamente 35,7% da produção de leite em 2017 (ZOCCAL, 2019). Em regiões de clima tropical e subtropical como no Brasil, a principal preocupação na produção de leite é o estresse por calor, que causa prejuízos diretos e indiretos na produção de leite, com diminuição da quantidade produzida, composição do leite e alterações nas propriedades físico-químicas do leite. Assim, o objetivo deste trabalho foi determinar a relação das propriedades físico-químicas do leite de vacas Holandês e Jersey com o índice de carga térmica (ICT).
Material e métodos (obrigatório)
O experimento foi realizado em uma propriedade rural no município de Itapiranga, SC. O sistema de produção na propriedade é semi-confinamento, em que as vacas permanecem confinadas em um galpão (Compost Barn) durante o dia e acesso a piquetes para pastejo à noite. Mensalmente eram avaliadas 20 vacas, que permaneciam confinadas com livre acesso a comida no cocho e água, das 8 até as 19h. A dieta era fornecida uma vez ao dia, na forma de dieta total. As condições de temperatura, umidade, radiação solar e velocidade do vento, dentro e fora do galpão de alojamento, foram registradas a cada 15 minutos e obtidas com auxílio de duas estações meteorológicas ATMOS 41, conectadas a um dataloger Zentra ZL6 (METER Group, Court Pullman, WA, EUA). Calculou-se o índice de carga térmica (ICT) de acordo com as seguintes equações: se Tgn ≥ 25, ICT = 8,62 + (0,38 x UR + (1,55 x Tgn) – 0,5 x Vv + e (2,4 – Vv); se Tgn < 25, ICT = 10,66 + (0,28 x UR + (1,3 x Tgn) – Vv. Onde: Tgn = temperatura de globo negro (°C); UR = umidade relativa (%); Vv = velocidade do vento (m/s). A temperatura de globo negro foi calculada pela equação Tgn = (1,33 x Ta) – (2,65 x Ta 0,5) + (3,21 x log10 (Rad + 1)) + 3,5, onde: Ta = temperatura do ar (°C); Rad = intensidade da radiação solar (W.m-2). Os dados de ICT máximo dentro e fora do galpão são mostrados na Figura 1 A e B. As vacas foram ordenhadas duas vezes ao dia e amostras compostas (ordenha da manhã e da tarde) foram coletadas, em frascos sem conservante. As amostras foram refrigeradas por 12h até a realização do teste do álcool, acidez titulável, pH e ponto crioscópico. O delineamento experimental foi um ensaio contínuo. O modelo foi constituído pela raça, ordem de parto, dias em lactação (DEL) e ICT máximo dois dias antes da coleta. Os dados foram submetidos a análise de variância e testados para normalidade de resíduos pelo teste Shapiro-Wilk.
Resultados e discussão (obrigatório)
Houve efeito do ICT máximo sobre o pH e a crioscopia do leite, mostrando o efeito deletério sobre as propriedades físico-químicas do leite, corforme mostrado na Tabela 1. Por outro lado, a acidez titulável não foi afetada pelo ICT. Os constituintes solúveis em água presentes no leite como lactose, cloretos, citratos e ácido láctico, determinam 79 a 86% do valor da crioscopia. A variação de outros constituintes solúveis como o sódio, cálcio, potássio, magnésio, fosfatos, caseína e a ureia, também podem afetar a crioscopia (BJERG et al., 2005). Para Bjerg et al. (2005), na Dinamarca, verificaram que a crioscopia do leite coletado de tanques varia ao longo do ano e o valor é mais alto no verão e menor no início do inverno. Para esses autores, o aumento da temperatura ambiente e o número de horas de sol pode causar um aumento da ingestão de água pelas vacas, podendo assim, causar um aumento na crioscopia. Da mesma forma que a crioscopia, a variação em constituintes minerais pode acarretar um aumento no pH (BERNABUCCI e CALAMARI, 1998). Tabela 1. Propriedades físico-químicas do leite de vacas Holandês e Jersey em função do Indice de Carga Térmica máximo. Figura 1. A) Índice de carga térmica (ICT) em função dos dias de avaliação fora do galpão de alojamento das vacas; B) Índice de carga térmica (ICT) em função dos dias de avaliação dentro do galpão de alojamento das vacas.
Conclusão (obrigatório)
O índice de carga térmica, um indicador de estresse por calor afeta a crioscopia e o pH do leite de vacas Holandês e Jersey.
Agradecimentos (opcional)
A FAPESC pelo financiamento e à Capes e o CNPq pela concessão da bolsa.
Referências bibliográficas (opcional)
BJERG, M.; RASMUSSEN, M. D.; NIELSEN, M. O. Changes in Freezing Point of Blood and Milk During Dehydration and Rehydration in Lactating Cows. Journal of Dairy Science, v. 88, n. 9, p. 3174–3185, 2005. Disponível em:
BERNABUCCI, U.; CALAMARI, L. Effects of heat stress on bovine milk yield and composition. Zootecnica e Nutrizione Animale, v. 24, n. January, p. 247–257, 1998.
ZOCCAL, R. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Anuário do Leite 2019: novos produtos e novas estratégias da cadeia do leite para ganhar competitividade e conquistar os clientes finais. Anuario Leite 2019. p.104, 2019.
Área
Geral
Autores
ADRIANA HAUSER, Angelica Leticia Scheid, Carina Baretta, Ana Maria de Matos, Eduardo Becker Ribeiro, Edinara da Silva Lima, Gerson Conceição, André Thaler Neto