Dados do Trabalho
Título
RELAÇÃO ENTRE A PROFUNDIDADE DE ÚBERE E O DESENVOLVIMENTO DE MASTITE SUBCLÍNICA EM VACAS LACTANTES
Titulo em português
RELAÇÃO ENTRE A PROFUNDIDADE DE ÚBERE E O DESENVOLVIMENTO DE MASTITE SUBCLÍNICA EM VACAS LACTANTES
Introdução (obrigatório)
A mastite subclínica faz parte de um grupo complexo de doenças que limitam o desenvolvimento econômico das propriedades, provocando o aumento da CCS, perda de produção de leite e alteração na sua composição. Diversas características aumentam o risco no desenvolvimento de mastite, dentre elas, a conformação do úbere, a sujidade de úbere, a condição da extremidade dos tetos, ordem de parto e o período de lactação (CARDOZO et al., 2015). Quando se trata da conformação do úbere, ao se tornar mais próximo do solo facilita a entrada de patógenos pelo esfíncter dos tetos. Em regiões de clima tropical ou subtropical como no Brasil, a principal preocupação dos sistemas de produção a pasto é o risco acentuado de mastite nas vacas com pior conformação de úbere, visto que a temperatura e a umidade elevadas, favorecem o aumento da sua sujidade e o desenvolvimento de mastite. Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi verificar se a profundidade e a sujidade de úbere estão relacionadas com a CCS das vacas lactantes mantidas a pasto.
Material e métodos (obrigatório)
Neste estudo foram avaliadas 1192 vacas lactantes oriundas de 54 propriedades do sistema de produção a pasto com suplementação do Oeste do Estado de Santa Catarina, Brasil. Escolhemos as propriedades conforme a média aritmética da CCS de tanque, a qual deveria estar acima de 500.000 células/mL para garantir a presença de vacas com alta e baixa CCS, em mesmo rebanho. Para cada vaca avaliada, colheu-se uma amostra de leite composta e diária, proveniente da ordenha da manhã e da tarde. Uma alíquota de 50 mL de cada vaca foi mantida com bronopol à 4ºC e encaminhada ao Laboratório da Associação Paranaense de Criadores Brasileiros da Raça Holandesa – Apcbrh, Curitiba, PR para a análise de CCS utilizando o método de citometria de fluxo. Durante um dos manejos de ordenha, a sujidade de perna e de úbere foi pontuada conforme a escala de quatro pontos definida por Schreiner e Ruegg (2003), sendo o escore 1 (totalmente limpo), 2 (pouco sujo), 3 (sujo) ou 4 (completamente sujo). Para a profundidade do úbere, mensurou-se a distância (cm) da base do úbere até a linha do jarrete (COENTRÃO et al., 2008) e para o udder clearance, mensurou-se a distância (cm) da base do úbere em relação ao solo (BJELLAND et al., 2011). Os dados foram submetidos a análise de variância utilizando o procedimento GLM do SAS® e as variáveis foram consideradas com diferença significativa quando P < 0,05. O modelo estatístico considerou o efeito de três classes de CCS das vacas (baixa ≤200.000 células/mL; média >200.000 células/mL e ≤615.000 células/mL; alta >615.000 células/mL) sobre as variáveis avaliadas.
Resultados e discussão (obrigatório)
As características de rebanho associadas às vacas com diferentes classes de CCS estão disponíveis na Tabela 1. Embora as vacas tenham sido igualmente sujas, a profundidade do úbere aumentou progressivamente com o aumento da CCS, além disso, o úbere mais próximo do chão (udder clearance) foi constatado em vacas com CCS acima de 200.000 células/mL. Nossos resultados reafirmam os achados em pesquisas anteriores, em que a CCS do leite é maior em vacas com úberes mais próximos do chão (CARDOZO et al., 2015), entretanto, a sujidade de perna ou de úbere não foi decisivo na determinação do aumento de CCS. Tabela 1. Médias dos quadrados mínimos, erro-padrão da média (EPM) e valores de P para características de vacas com CCS baixa (N = 505, ≤ 200.000 células/mL), média (N = 364, > 200.000 a ≤ 615.000 células/mL) e alta (N = 304, > 615.000 células/mL). Variável CCS baixa CCS média CCS alta EPM Valor de P Profundidade de úbere (cm) 9,79±0,29a 7,37±0,34b 6,10±0,37c 6,40 <0,0001 Udder clearance (cm) 57,33±0,33a 54,76±0,39b 53,66±0,42b 7,40 <0,0001 Sujidade de perna¹ 2,80±0,03 2,79±0,04 2,83±0,04 0,77 0,8583 Sujidade de úbere¹ 1,55±0,04 1,67±0,04 1,55±0,05 0,84 0,1068 CCS (células/mL) 80.500c 372.900b 1 877.300a 867,99 <0,0001 ¹Pontuação de 1 a 4, sendo 1= limpo a 4= muito sujo.
Conclusão (obrigatório)
As vacas em sistemas de produção a pasto e com úberes mais profundos são mais propensas à mastite subclínica independente do seu grau de sujidade.
Referências bibliográficas (opcional)
BJELLAND, D.W. et al. Production, reproduction, health, and growth traits in backcross Holstein × Jersey cows and their Holstein contemporaries. Journal of Dairy Science, v. 94, n. 10, p. 5194-5203, 2011.
CARDOZO, L.L. et al. Risk factors for the occurrence of new and chronic cases of subclinical mastitis in dairy herds in southern Brazil. Journal of Dairy Science, v. 98, n. 11, p. 7675–7685, 2015.
COENTRÃO, C.M, et al, Fatores de risco para mastite subclínica em vacas leiteiras. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 60, n. 2, p. 283–288, 2008.
Área
Geral
Autores
Beatriz Danieli, Ana Luiza Bachmann Schogor, André Thaler Neto, Jardel Zucchi