Congresso Brasileiro do Leite

Dados do Trabalho


Título

MILHO QUEBRADO COMO ALTERNATIVA DE REDUÇÃO DE CUSTOS NA ALIMENTAÇÃO DE VACAS EM LACTAÇÃO

Introdução (obrigatório)

O milho quebrado é resultante da colheita do grão com o teor de umidade alto que sofre a rachadura pelo equipamento agrícola, provocando a quebra no processo de secagem. Esse subproduto pode possuir qualidade satisfatória se for bem manejado e armazenado em boas condições. No Brasil, pedaços de grãos retidos na peneira de 3 mm durante a classificação são considerados quebrados.
Poucos são os relatos da utilização deste subproduto na produção animal, bem como a eficiência econômica quando inserida na dieta. Portanto, a hipótese deste trabalho é de que o milho quebrado tenha potencial de manter os níveis produtivos de vacas em lactação e apresente redução dos custos de produção do concentrado em propriedades leiteiras. O objetivo foi avaliar o nível de inclusão de milho quebrado na dieta de vacas em lactação quanto à viabilidade econômica.

Material e métodos (obrigatório)

O experimento foi conduzido na UNIOESTE Campus Marechal Cândido Rondon. Para tanto, foram utilizadas 12 vacas da raça Holandês (150 ± 57 dias de lactação), com peso corporal médio de 655 ± 122 kg e produção de leite média de 26,7 ± 8,5 kg/dia. Os animais foram distribuídos em delineamento triplo quadrado latino 4x4, com quatro tratamentos e quatro períodos experimentais. A distribuição dos animais levou em consideração a ordem de parto, os dias em leite e a produção diária. Os tratamentos testados foram níveis de inclusão de milho quebrado no concentrado de vacas em lactação nos níveis de 0%, 10%, 20% e 30% na matéria seca. As dietas foram formuladas para atender as exigências dos animais, compostas por uma proporção 50:50, onde o volumoso utilizado foi a silagem de milho e o concentrado formulado para conter 22% de proteína. Durante o experimento, os animais foram alojados em estábulo coberto tipo tie-stall com baias, cocho e bebedouro individuais. O fornecimento da dieta foi realizado duas vezes ao dia e as sobras dos alimentos foram pesadas diariamente e ajustadas a fim de proporcionar consumo voluntário. As ordenhas foram realizadas duas vezes ao dia, sendo o volume de produção estimado através de medidores (Waikato MKV) acoplados ao equipamento de ordenha. Para a realização da análise de viabilidade econômica quanto à utilização do milho quebrado, foram considerados os valores pagos por litro de leite ao produtor e os preços praticados no Paraná para os ingredientes que compuseram a dieta, referente ao mês de Janeiro de 2019. Esta abordagem econômica levou em consideração somente os custos referentes à alimentação, não abrangendo os demais custos de produção. O custo médio por quilo de ração (CMR) foi calculado através da composição centesimal de cada ingrediente na dieta e o seu custo. O custo médio com alimentação (CMA) foi obtido pela multiplicação do CMR em kg pelo consumo médio da dieta total dos animais de cada tratamento. Do mesmo modo, de posse do valor pago pelo litro de leite e da produção leiteira média, foi calculada a receita bruta (RB) obtida em cada um dos tratamentos. A margem bruta (MB) foi calculada pela diferença entre a RB e o CMA. O ponto de equilíbrio (PE) foi calculado pelo quociente do CMA pelo valor recebido pelo litro de leite, sendo que o quociente mostra o volume exato de produção em que há retorno zero, ou seja, quando a RB é igual aos CMA.

Resultados e discussão (obrigatório)

Na região Oeste do Paraná a quantidade de milho quebrado disponível para a comercialização é alta. Em torno de 10% do volume de grão de milho entregue é quebrado devido ao equipamento agrícola utilizado e umidade do grão no momento da colheita. No estudo realizado, o preço praticado do milho quebrado representou 56% do valor do grão íntegro, custando em média U$ 0,05 a menos por kg. A produção de leite e a eficiência na produção leiteira não foram influenciados pela inclusão de milho quebrado no concentrado. Com relação ao custo médio da ração (CMR), o concentrado com menor valor por kg de MS foi o nível de 30% . A quantidade de farelo de soja no concentrado aumentou de acordo com a inclusão do milho quebrado, porém a porcentagem de farelo de trigo e milho moído reduziu, sendo o segundo um dos ingredientes mais caros na composição de concentrados. As dietas com inclusão de milho quebrado reduziram o custo médio de alimentação comparado à dieta sem inserção do mesmo. Influenciado pelo consumo de matéria seca, que reduziu conforme a inclusão do subproduto, a dieta com menor custo médio de alimentação foi para o nível de inclusão de milho quebrado de 20%. A receita bruta média foi maior para o nível com porcentual de 10% de milho quebrado no concentrado. Da mesma forma, a melhor margem bruta média neste experimento foi o nível de 10% de inclusão, uma diferença de U$ 0,15 para a dieta controle. O tratamento controle pode aparentar ser o mais rentável, porém observa-se que este possui o maior ponto de equilíbrio observado entre todos os tratamentos, chegando ao valor de 12,22 kg de leite para cobrir os custos com a alimentação. Levando em consideração o ponto de equilíbrio, a dieta que apresenta melhores resultados é a inclusão de 20% de milho quebrado no concentrado. Visto que o lucro do produtor está nos centavos que economiza, o milho quebrado é uma excelente opção visando à redução de custos na formulação do concentrado e tornando a atividade mais rentável e competitiva.

Conclusão (obrigatório)

Níveis de inclusão de até 30% de milho quebrado no concentrado promovem a redução de custos com alimentação.

Área

Geral

Autores

Caroline Hoscheidt Werle, Maximiliane Alavarse Zambom, Maria Luiza Fischer, Kimberli Lohmann, Ikaro Aparecido Ribeiro, Eduardo Shihann Benites, Anderson Luiz Uhlein