Dados do Trabalho

Título

Impacto da Suplementação com Taninos Condensados e Óleo de Girassol na Produção e Composição do Leite de Vacas Leiteiras

Contribuição para a sociedade (opcional)

Este estudo é importante para a sociedade, pois buscou melhorar a qualidade do leite e a saúde das vacas leiteiras através da adição de óleo de girassol e taninos condensados na dieta. A hipótese era que esses aditivos poderiam aumentar os teores de ácidos graxos benéficos, proteína e gordura do leite, além de melhorar indicadores de saúde animal como NUL e CCS. Embora os resultados não tenham confirmado essas melhorias, a pesquisa destaca a necessidade contínua de investigar suplementações dietéticas que possam otimizar a produção de leite saudável e sustentável, impactando positivamente a saúde humana e animal.

Introdução (obrigatório)

A suplementação dietética de vacas leiteiras com taninos condensados e óleo de girassol tem sido objeto de pesquisas devido aos seus benefícios na produção e composição do leite. Os taninos condensados melhoram a utilização do nitrogênio e reduzem a produção de metano nos ruminantes (Herremans et al., 2020). Além disso, o óleo de girassol, rico em ácidos graxos ômega 6, aumenta a densidade energética das dietas e modifica positivamente a composição do leite (Thanh et al., 2023).
A suplementação com óleos vegetais e taninos pode aumentar os níveis de ácidos graxos benéficos, como o ácido linoleico conjugado (CLA), e reduzir a produção de ácidos graxos saturados no leite (Lam et al., 2023; Figueiroa et al., 2013). No entanto, a combinação desses aditivos pode afetar negativamente a ingestão de matéria seca e o desempenho animal (Herremans et al., 2020).
Processos para melhoria da qualidade do leite, aumentando a concentração de nutrientes benéficos, como ômega 3 e CLA, enquanto reduzem os ácidos graxos saturados prejudiciais, têm sido propostos. Processos como a peletização e a adição de lignossulfonato podem proteger os nutrientes da degradação ruminal, aumentando a disponibilidade de ácidos graxos poli-insaturados (PUFA) no leite (Figueiroa et al., 2013).
Este estudo objetiva avaliar a adição de tanino condensado de acácia negra (Acacia mearnsii) e/ou óleo de girassol na dieta de vacas em lactação e seus efeitos na produção de leite, teores de gordura, proteína, lactose, sólidos totais, nitrogênio ureico no leite (NUL), e contagem de células somáticas (CCS).

Material e métodos (obrigatório)

Foram utilizadas oito vacas primíparas da raça Holandês, com peso corporal de 485±120 kg e 160±75 dias de lactação, alojadas em confinamento tipo tie-stall. Os animais foram distribuídos em duplo quadrado latino 4 x 4, com esquema fatorial 2 × 2 (com ou sem tanino e com ou sem óleo). A razão volumoso: Concentrado foi 60:40, sendo o volumoso composto de silagem de milho. A produção individual das vacas foi registrada nos dias 20 e 21 de cada período experimental, durante as ordenhas da manhã e da tarde. Foram analisadas as propriedades químicas do leite. Amostras compostas de leite foram coletadas alíquotas de 50 mL e preservadas usando 2-bromo2-nitropropano-1,3-diol. Os teores de gordura, proteína e lactose foram analisados por espectrofotometria infravermelha (Bentley 2000, Bentley Instrument Inc.) e MUN pela metodologia Berthelot (Chemspec 150, Bentley Instrument Inc.). A produção de leite corrigida para 3,5% de gordura foi calculada pela equação descrita por Sklan et al. (1992) e as contagens de células somáticas (CCS) foram obtidas por meio de contador eletrônico (Somacount 500®, Chaska, MN, EUA). A análise dos dados foi realizada no software SAS (Statistical Analysis System, versão 9.4) utilizando o pacote mixed. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. O modelo utilizado para análise foi: Y = μ + Ai + Dj + Pk + Eijk, onde μ = média, Ai = efeito de animal (i = 1 a 8), Dj = efeito de dieta (j = 1 a 4), Pk = efeito de período (k = 1 a 4) e Eijk = erro experimental.

Resultados e discussão (obrigatório)

Não houve efeito de interação entre os tratamentos. O fornecimento de óleo reduziu a PL, corrigida para 3,5% de gordura (P = 0,001), com média de 14,9 contra 16,6 litros/d nas vacas que não receberam óleo. Além disso, houve tendência (P = 0,008) de aumento na CCS. O fornecimento de óleo também reduziu o teor de gordura (P = 0,0002; 3,7% x 3,3%), proteína (P = 0,0007; 3,67% x 3,31%) e NUL (P < 0,0001; 14,2 x 11,6 mg/dL) (Tabela 1). Da mesma forma, Thanh et al. (2023) relataram redução da gordura do leite de vacas alimentadas com dietas contendo óleo de linhaça, óleo de girassol e óleo bruto de atum. Segundo esses autores, a suplementação de óleos ricos em ácidos graxos poli-insaturados normalmente perturba a fermentação ruminal e a digestibilidade da fibra, resultando em produção reduzida de acetato e, por consequência, na síntese de gordura de cadeia curta e média no leite. Por outro lado, a adição de tanino não proporcionou vantagens significativas sobre os parâmetros estudados. Tabela 1. Produção e composição do leite de vacas leiteiras alimentadas com dietas contendo ou não taninos condensados e/ou óleo de girassol               p2     CT OG TN TN+OG EPM TN OG INT PL (Kg/d) 16,32 15,63 15,86 15,43 2,16 0,53 0,29 0,80 LCG-3,5% (Kg/d) 16,97 14,95 16,17 14,93 2,55 0,52 0,01 0,53 Gord. (%) 3,74 3,24 3,59 3,31 0,51 0,73 0,002 0,34 Prot. (%) 3,42 3,34 3,46 3,28 0,20 0,88 0,007 0,29 Lact (%) 4,43 4,37 4,52 4,38 0,39 0,51 0,20 0,62 NUL (mg/dL) 14,6 11,70 13,72 11,46 3,67 0,28 0,0001 0,53 CCS log10 1,89 2,22 2,09 2,17 0,54 0,50 0,08 0,27 EPM= erro padrão da média; CT= Controle; OG=efeito da adição de óleo de girassol; TN= efeito da adição de Tanino Condensado; INT= efeito da interação entre tanino e óleo; LCG = Produção de leite corrigida 3,5%  

Conclusão (obrigatório)

A inclusão de óleo de girassol reduziu a produção de leite corrigida para 3,5% de gordura e diminuiu os teores de gordura, proteína e o NUL. Por outro lado, a adição de tanino condensado não teve efeito sobre os parâmetros de produção e composição do leite.

Agradecimentos (opcional)

Ao CNPq, Projeto Universal - 2021- Proc. 403.555/2021-3.