Dados do Trabalho
Título
IMPACTO DAS PRÁTICAS DE MANEJO NA QUALIDADE DO LEITE EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO LEITEIRA
Introdução (obrigatório)
A contaminação do leite por bactérias mesófilas, termodúricas e psicrotróficas é um problema importante que afeta a qualidade do produto. Os procedimentos empregados na ordenha determinam a qualidade microbiológica do leite, cada etapa nesse processo pode ser responsável pela inclusão de milhões de microrganismos no leite na ausência de boas práticas de higiene (BPH) (Mörschbächer et al., 2016). BPH durante a ordenha, são essenciais para garantir a qualidade microbiológica do leite e evitar a contaminação por microrganismos (Dos Santos et al., 2012). A contaminação do leite pode ocorrer durante a ordenha, mas as principais fontes são os equipamentos utilizados durante a manipulação, transporte, processamento e o armazenamento (Dos Santos et al., 2012).
A análise de agrupamento (Cluster) é aplicada no intuito de dividir um conjunto de dados em grupos com máxima homogeneidade intragrupos e máxima heterogeneidade entre grupos (Barroso e Artes, 2003) e consiste basicamente de duas etapas: a primeira é a escolha do coeficiente de semelhança (medida de similaridade ou de dissimilaridade) entre indivíduos; e a segunda, a escolha da estratégia de formação dos grupos.
Neste estudo, objetivou-se associar, por meio de técnicas estatísticas multivariadas (Componentes principais e Clusters) características da CCS, qualidade da água e influência do manejo higiênico-sanitário dos sistemas de produção de leite da região Oeste do Estado do Paraná.
Material e métodos (obrigatório)
Objetivou-se investigar a relação entre a diversidade de ações adotadas pelos sistemas de produção leiteira (SPL) no manejo higiênico-sanitário (MHS) e as características de contagem de células somáticas (CCS), contagem padrão em placa (CPP) e qualidade da água (QdA) utilizada nas propriedades. Para a coleta dos dados referentes aos SPL foi utilizado um questionário guia semi-estruturado, contendo questões sobre os dados cadastrais, caracterização do proprietário e da propriedade rural, da produção leiteira e do rebanho, manejo alimentar, manejo de ordenha, manejo reprodutivo e controle sanitário. A determinação das variáveis explicativas da diversidade do SPL foi feita por meio da Análise de Componentes Principais (ACP) (Barroso e Artes, 2003). As informações de produção, foram realizadas em quatro coletas de amostras de leite cru e de água, nos períodos de inverno e primavera. As amostras de leite cru de cada SPL foram coletadas em frascos estéreis e mantidas sob refrigeração durante o transporte e até o Laboratório de Microbiologia e Bioquímica da UNIOESTE. Para determinação do Número Mais Provável (NMP) de coliformes a 35 °C por mL (CT/mL) de amostra, conforme descrito em APHA (2001). Para as análises da CSS, as amostragens do tanque de resfriamento no dia da ordenha e acondicionadas em frascos padronizados (70 mL) com conservante bronopol para análise de CCS. Para a CPP as amostras foram acondicionadas em frascos estéreis (70 mL) utilizando como conservante azidiol, acondicionados em caixa isotérmica, com gelo reciclável desde a coleta até o laboratório. Amostras de água foram coletadas dos reservatórios, mantidas refrigeradas e encaminhadas ao Laboratório da UNIOESTE, Campus Toledo para as determinações de dureza da água. Para a ACP foi utilizado o software SPSS® versão 18.0 (2010).
Resultados e discussão (obrigatório)
A ACP identificou três componentes principais que explicam 61,22% da variância das ações de Manejo Higiênico Sanitário (MHS). SPL com maior diversidade de ações que apresentaram menor CCS, CPP e água de melhor qualidade A variável componente principal (CP) CP1 é um indicador de qualidade nutricional do leite (QNL) e a CP2 um indicador do MHS. O CP1 apresentou correlações elevadas e positivas, sendo principalmente caracterizado pelas variáveis gordura, sólidos totais e proteína. Do lado negativo caracterizado pela CCS e pela quantidade de silagem oferecida no período das águas. O CP2 se destaca por apresentar no seu lado positivo relação com a microbiologia do leite (CPP, coliformes termotolerantes e coliformes totais) relacionado com a quantidade de leite produzido e vacas lactantes, bem como o custo com concentrado consumido no mês. No lado negativo os indicadores dizem respeito à quantidade de silagem consumida no período de seca, que é maior, e a dureza da água. A matriz de correlação obtida através da ACP mostra que houve correlação positiva entre a CPP com as variáveis contagem de coliformes termotolerantes (CTT), CCS e a contagem totais de coliformes (CTC), a qual apresentou correlação de 40,8%, 44,9% e 43,10%, respectivamente As CTT apresentaram correlação negativa para gordura (-45,2%). E correlação alta e positiva para CTC (97,5%). Altos níveis de contaminação microbiana no leite promovem a deterioração de seus componentes (Dos Santos et al., 2012). Alta correlação com os CTC confirmam que a qualidade microbiológica do leite está relacionada aos procedimentos empregados na ordenha com a ausência de BPH. Quanto aos componentes do leite, a CCS correlaciona-se negativamente, com ST (-61,4%), gordura (-41,4%) e proteína (-58,3%). A mastite altera a composição do leite, por modificar a permeabilidade dos vasos sanguíneos da glândula e alterar a habilidade de síntese do tecido secretor e pela ação direta dos patógenos ou de enzimas sobre os componentes já secretados no interior da glândula. Os sólidos totais estão altamente correlacionados com gordura (87,3%) e proteína (91,6%), ao mesmo tempo em que se tem a lactose correlacionada com a proteína (41,5%), os componentes do leite são uma combinação de diversos elementos sólidos (13%) em água (87%).
Conclusão (obrigatório)
Sugere-se ações corretivas na ordenha: testes de mastite (CMT), pré e pós-dipping, monitoramento da CCS, limpeza e sanitização dos equipamentos. Utilização de água potável e o resfriamento do leite logo após a ordenha. Recomenda-se avaliar o impacto do MHS na saúde animal e humana e desenvolver programas de educação sanitária para produtores de leite.
Agradecimentos (opcional)
Ao CAPES, CNPq e Fundação Araucária.
Referências bibliográficas (opcional)
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCATION (APHA). Compendium of methods for the microbiological examination of foods. 4.ed. Washington: APHA, 2001. 676 p.
SANTOS, G.T.; ZAMBOM, M.A.; DIAS, A.M. et al. Manejo da ordenha e qualidade do leite. In: Anais do V Simpósio SUL-LEITE. organizadores Dos Santos et al. Maringá: Sthampa, 2012. p.303-330, 2012.
MÖRSCHBÄCHER, V.; REMPEL, C.; MACIEL, M. Microbiological quality of refrigerated raw milk in the dairy farm and after transport to the processing dairy plant. Arquivos do Instituto Biológico, 84: e0422016, 2017.
Área
Geral
Autores
Leslie Defante, Maximiliane Alavarse Zambom, José Augusto Horst, Fabio Seiji Dos Santos, Magali Soares Santos Pozza, Kimberli Josiane Lohmann, Maria Luiza Fischer