Congresso Brasileiro do Leite

Dados do Trabalho


Título

Avaliação da atividade antimicrobiana de óleos essenciais frente a Klebsiella pneumoniae

Introdução (obrigatório)

As bactérias do grupo coliformes são responsáveis pelo maior índice de mastite clínica aguda em bovinos leiteiros, sendo Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae as mais frequentes (Sugiyama et al., 2022). Esta é classificada como uma bactéria gram-negativa, comumente presente no ambiente, no rúmen e em fezes bovinas (Massé et al., 2019).
Além disso, é definida como um patógeno ambiental e oportunista na mastite bovina, com transmissão contagiosa (Cheng et al., 2020), que determina uma significativa diminuição na produção de leite, e por consequência perdas econômicas (Morales-Ubaldo et al., 2023). Os isolados de Klebsiella spp. provenientes de mastite bovina frequentemente apresentam resistência à antimicrobianos (Zhao et al., 2020).
Deste modo, atualmente há um aumento na busca de compostos naturais com propriedades antimicrobianas em extratos de plantas, como os óleos essenciais (Mumu; Hossain, 2018). Os óleos essenciais apresentam propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, antioxidantes, fungicidas e antimicrobianas (Winska et al., 2019).
O óleo essencial de melaleuca (Melaleuca alternifolia) possui um potencial antimicrobiano promissor, como no tratamento de doenças dermatológicas, além de demonstrar uma baixa propensão no desenvolvimento de resistência (Yadav et al., 2016). O óleo essencial de Copaíba também apresenta significativa atividade antimicrobiana à diversos microrganismos patogênicos (Divânia et al., 2020). Já o óleo essencial de orégano (Origanum vulgare) mostra efeitos antibacterianos, antiparasitários, antifúngicos, anti-inflamatórios e antioxidantes (Silva et al., 2022).
Desta forma, objetivou-se neste trabalho avaliar in vitro a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais de Copaíba branca (Copaifera officinalis), Melaleuca (OEM) e Orégano (OEO) sob Klebsiella pneumoniae ATCC 13883.

Material e métodos (obrigatório)

Como microrganismo teste utilizou-se a cepa bacteriana Klebsiella pneumoniae ATCC 13883, e como tratamentos os óleos essenciais comerciais (ViaAroma®) de Copaíba branca (Copaifera officinalis), Melaleuca (Melaleuca alternifolia) e Orégano (Origanum vulgare), nas concentrações de 500 mg/mL a 2,5 mg/mL (100% a 0,5%). A Concentração Inibitória Mínima (CIM) dos tratamentos foi realizada pelo método de microdiluição em caldo, utilizando placas de microtitulação de 96 poços com caldo Mueller-Hilton (MHB) (Buldain et al., 2022).  A suspensão bacteriana foi diluída em solução salina 0,9% conforme o padrão McFarland 0,5. Foram adicionados 160 µL de caldo Mueller-Hilton em cada poço nas placas de microtitulação, juntamente com 20 µL de cada tratamento em triplicata e 20 µL do inóculo bacteriano, apresentando um volume total de 200 µL. Além disso, foram realizados na placa os testes para controle de crescimento (MHB + organismo teste), controle negativo (MHB + solvente + organismo teste) e controle de esterilidade do caldo (MHB + tratamento teste). As placas foram incubadas a 35 ºC por 20 ± 24 horas, após este período, foram adicionados 10 µL de rezasurina 0,01% em cada poço. A CIM foi determinada a partir da concentração mais baixa dos tratamentos não se observou crescimento bacteriano, indicado através da mudança da cor azul para rosa. Para a concentração bactericida mínima (MBC), foram inoculados em 100 µL em ágar PCA (Plate Count Agar) dos poços com ausência de crescimento bacteriano, em duplicata, e incubados a 35 ºC por 20 ± 24 horas. A CBM foi determinada pela menor concentração do tratamento com ação bactericida, indicada pela ausência de crescimento bacteriano sob a superfície das placas de PCA (Kovacevic et al., 2021).

Resultados e discussão (obrigatório)

Os óleos essenciais de melaleuca e copaíba não apresentaram efeito antimicrobiano sob a cepa de K. pneumoniae testada, com crescimento bacteriano em todas as concentrações utilizadas. Já o OEO, demonstrou alta atividade antimicrobiana contra a bactéria testada, com CIM e CBM na concentração 1% (5 mg/mL). Resultados semelhantes foram observados por Divânia et al. (2020), o qual não obteve resposta antimicrobiana com óleo de Copaifera multijuga pela técnica de difusão em disco, sob K. pneumoniae ATCC 29665. Isto demonstra que os OEs provenientes de Copaíferas não apresentam resultado satisfatório quanto a ação antimicrobiana sobre esta espécie bacteriana. Em contrapartida, Rafeeq e Sharba (2022) encontraram valores de CIM e CBM de 0,25% e 0,5%, respectivamente, para OEM em isolados clínicos de K. pneumoniae. Da mesma maneira, Oliva et al. (2018) apresentou uma boa atividade bactericida do OEM para K. pneumoniae resistente a carbapenem (CK-Kp), na concentração de 1% (v/v). Observou-se neste estudo resultados insuficientes do OEM sob a cepa testada, enquanto outras pesquisas obtiveram resultados satisfatórios, o que demonstra que a atividade dos OEs pode variar conforme sua composição e grupos funcionais de seus componentes, concentrações utilizadas e a cepa bacteriana testada (Chouhan; Guleria, 2017).  As bactérias gram-positivas apresentam uma mais sensibilidade à ação dos OEs em comparação à gram-negativas (Chouhan; Guleria, 2017). Isto se deve a presença de fosfolipossacarídeos na parede celular de bactérias gram-negativas, que conferem maior resistência quando comparada às gram-positivas, que possuem uma única camada de peptideogligano (Liu et al., 2020). Em relação ao OEO, Silva et al. (2023) exibiu em sua pesquisa, resultados que corroboram com os achados deste estudo, no qual obteve uma CIM de 128 µg/mL e CBM de 256 µg/mL para K. pneumoniae 13883. O OEO apresenta como principal componente o carvacrol, responsável pela atividade antimicrobiana do óleo (Siva et al., 2023). O carvacrol junto com o timol (composto presente no OE de tomilho), possuem a capacidade de destruir o exterior da membrana citoplasmática das bactérias gram-negativas, com danos estruturais e funcionais (Ultee et al., 2002; Chouhan; Guleria, 2017).

Conclusão (obrigatório)

O óleo essencial de orégano demonstrou efeito antimicrobiano significativo frente a K. pneumoniae ATCC 13883, apresentando-se como uma alternativa promissora no tratamento desta bactéria. Em contrapartida, não se obteve resultados satisfatórios com os óleos essenciais de melaleuca e copaíba branca sob a cepa testada, o que demonstra a necessidade de maiores estudos com diferentes óleos, com o objetivo de determinar novos compostos com propriedades antibacterianas sob este agente patogênico.

Agradecimentos (opcional)

Ao Laboratório de Patologia Clínica Veterinária – LAPACLIN/UNICENTRO, pelo auxílio na realização deste trabalho, e a CAPES pela concessão da bolsa.

Área

Geral

Autores

Marcela Calciolari Branquinho, Marina Szychta, Fernanda Kaliskeviski Scheis, Milena Antunes dos Santos, Kate Aparecida Buzi , Margarete Kimie Falbo