Congresso Brasileiro do Leite

Dados do Trabalho


Título

ALTERAÇÃO NA DINÂMICA DA MASTITE SUBCLÍNICA EM RESPOSTA À VACINAÇÃO AUTÓGENA

Titulo em português

ALTERAÇÃO NA DINÂMICA DA MASTITE SUBCLÍNICA EM RESPOSTA À VACINAÇÃO AUTÓGENA

Introdução (obrigatório)

O controle da mastite em rebanhos leiteiros é um desafio constante para produtores e técnicos, principalmente relacionado à forma subclínica dessa doença. A contagem de células somáticas (CCS) é o parâmetro principal utilizado para identificar animais com eliminação de células de descamação do epitélio e do sistema imunológico através do leite, indicando a ocorrência de uma infecção na glândula mamária. Vacas com CCS abaixo de 200 mil células por mL de leite são consideradas sadias.
A avaliação da dinâmica da infecção subclínica em um rebanho leiteiro, que categoriza as vacas em sadias, curadas, crônicas e com novas infecções de acordo com as variações de CCS em um determinado intervalo, permite entender o nível de infecção atual do rebanho e assim traçar estratégias de prevenção e controle da mastite. Medidas adequadas de manejo de ordenha e do ambiente associadas ao aumento da resposta imune das vacas por meio de vacinação tornam-se importantes para prevenir novos casos, reduzir a gravidade de casos de mastite e aumentar a chance de cura espontânea. As vacinas autógenas são customizadas e por isso induzem uma resposta imune específica contra os agentes causadores de mastite que circulam em cada propriedade, e que são os mesmos agentes responsáveis pelos casos da doença no rebanho. Objetivou-se avaliar o efeito da utilização de vacina autógena de mastite sobre a dinâmica da infecção subclínica em um rebanho comercial leiteiro de Santa Catarina.

Material e métodos (obrigatório)

Avaliou-se o efeito da vacinação autógena em uma propriedade comercial leiteira localizada em Santa Catarina, cujo rebanho contém ± 680 vacas em lactação das raças Jersey e Holandesa, criadas em Compost Barn com cama de maravalha, ordenhadas três vezes ao dia com produção média diária de 37,7 litros de leite por animal. Para a identificação do perfil microbiológico da mastite na fazenda, foram coletadas amostras de leite de vacas com mastite clínica e subclínica, e posteriormente enviadas ao laboratório. Como resultado, foram encontrados os seguintes agentes: Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus, Staphylococcus chromogenes, Streptococcus dysgalactiae e Streptococcus uberis, os quais foram utilizados na fabricação da vacina autógena. Em abril de 2023 iniciou-se o protocolo vacinal massal, no qual todas as vacas em lactação, vacas secas e novilhas acima dos três meses de gestação receberam a primeira dose da vacina (2mL com adjuvante oleoso via subcutânea). O reforço vacinal foi realizado 30 dias após a primovacinação, e os demais reforços a cada quatro meses ocorreram em agosto e dezembro de 2023. O diagnóstico de mastite subclínica foi feito através da coleta mensal de amostras individuais de leite das vacas em lactação para realização da CCS eletrônica em laboratório comercial. Considerou-se infectadas vacas com contagem acima de 200 mil células por mL de leite. Para a avaliação da dinâmica da infecção subclínica, comparou-se o resultado da CCS do mês atual em relação ao mês anterior de cada animal. Assim, foi feita a distribuição dos animais em cada uma das condições (sadia, curada, nova infecção e crônica) entre os meses de maio de 2023 a março de 2024 (Tabela 1). Os dados foram analisados de forma descritiva.   Tabela 1. Caracterização da condição da vaca de acordo com a dinâmica da infecção subclínica baseado na contagem de células somáticas (*1000 células/mL de leite). CCS mês anterior CCS mês atual Classificação da vaca  ≤ 200 ≤ 200 Sadia > 200 ≤ 200 Curada ≤ 200 > 200 Nova infecção > 200 > 200 Crônica Fonte: adaptado de Radostits et al. (2007)  

Resultados e discussão (obrigatório)

  A vacinação autógena contra mastite contribuiu positivamente com a dinâmica da mastite subclínica no rebanho avaliado. Como resultado, verificou-se um aumento no percentual de vacas sadias e uma redução no percentual de vacas crônicas de forma gradativa ao longo do período analisado. Houve uma oscilação no percentual de novas infecções e de cura, porém após o reforço vacinal de dezembro de 2023 observou-se a maior taxa de cura e a menor taxa de novas infecções no mês subsequente (Figura 1). Tais resultados podem ser explicados pela capacidade da vacina autógena em estimular o sistema imune das vacas leiteiras a produzir anticorpos específicos contra os agentes presentes na vacina, bem como contribuir para a redução da pressão de infecção no rebanho. A Clínica do Leite preconiza como ideal acima de 74% de vacas sadias, abaixo de 8% de novas infecções, acima de 8% de taxa de cura e abaixo de 10% de vacas crônicas. De acordo com os resultados desta propriedade (Figura 1), apenas a taxa de cura esteve na faixa ideal durante todo o período analisado. No entanto, para as demais condições, apesar de não estarem dentro da faixa ideal, pode-se afirmar que houve uma melhora gradativa ao longo do tempo e que com a continuidade do trabalho estes índices poderão ser alcançados. Não foi possível dar continuidade à avaliação, pois houve um surto de diarreia de inverno nas vacas da fazenda, que impediu a coleta de amostras de leite para CCS individual nos meses de abril e maio de 2024. No entanto, o protocolo vacinal não foi interrompido e outros parâmetros relacionados à qualidade do leite apresentaram melhora nesta propriedade.   Figura 1. Dinâmica da infecção subclínica no período de junho de 2023 a março de 2024 em uma propriedade comercial leiteira de Santa Catarina.

Conclusão (obrigatório)

Conclui-se que a utilização de vacina autógena promoveu de forma gradativa um aumento no percentual de vacas sadias, uma redução no percentual de vacas crônicas e manteve a taxa de cura na faixa ideal (acima de 8%) durante todo o período avaliado. Os resultados demonstram que a vacina autógena contra mastite contribui positivamente para a melhoria da dinâmica da infecção subclínica no rebanho em questão.

Referências bibliográficas (opcional)

Radostits, O.M., Gay, C.C., Hinchcliff, K.W., Constable, P.D., 2007. Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10. ed. Spain: Saunders Elsevier, 2156p.

Área

Geral

Autores

Tais Aparecida Salvadego, Carla Cristian Campos, Paulo César Franco Dutra