Congresso Brasileiro do Leite

Dados do Trabalho


Título

REDUÇÃO NO CONSUMO DE INTRAMAMÁRIOS PARA TRATAMENTO DE MASTITE CLÍNICA PELA UTILIZAÇÃO DE VACINA AUTÓGENA

Titulo em português

REDUÇÃO NO CONSUMO DE INTRAMAMÁRIOS PARA TRATAMENTO DE MASTITE CLÍNICA PELA UTILIZAÇÃO DE VACINA AUTÓGENA

Contribuição para a sociedade (opcional)

O uso indiscriminado de antibióticos para tratamento de mastite tornou-se uma grande preocupação em relação à saúde única, que engloba saúde humana, animal e ambiental, uma vez que bactérias multirresistentes têm sido identificadas em intervalos cada vez menores, causando doenças tanto em animais quanto em humanos.
Estratégias de controle e prevenção da mastite tornaram-se essenciais para minimizar os impactos desta doença na pecuária leiteira. A implementação de medidas adequadas de manejo de ordenha e do ambiente das vacas são imprescindíveis. A vacinação surge como uma alternativa complementar às medidas de manejo, com o objetivo de reduzir tanto a gravidade dos casos quanto a pressão de infecção do rebanho, e como consequência, a necessidade de uso de antibióticos. Desta forma, o risco de contaminação do leite por resíduos de antibióticos também é minimizado, levando ao consumir final produtos lácteos seguros e de alta qualidade.

Introdução (obrigatório)

A mastite é uma inflamação da glândula mamária causada por agentes infecciosos como bactérias, fungos, algas e leveduras, sendo que há uma predominância das bactérias e, dessa forma, o tratamento baseia-se na utilização de antibióticos. Entretanto, o uso indiscriminado de antibióticos pode resultar no desenvolvimento da resistência bacteriana aos antibióticos disponíveis no mercado, que geralmente é constatado pela baixa eficácia dos tratamentos.
A mastite acarreta inúmeros prejuízos econômicos para a pecuária leiteira, os quais estão relacionados aos custos com tratamento, descarte pela presença de resíduos de antibióticos no leite, além de comprometer a qualidade do leite, o bem-estar animal e o desempenho reprodutivo dos rebanhos.
Diante deste cenário, a prevenção da mastite torna-se imprescindível para reduzir a necessidade de utilização de antibióticos nas fazendas leiteiras. Como medidas pode-se citar o correto manejo de ordenha, a higiene do ambiente dos animais, a segregação e descarte de animais crônicos, a vacinação etc. Além de minimizar os custos relacionados à doença, é importante considerar os ganhos obtidos em produtividade e qualidade do leite com a adoção destas medidas. Objetivou-se comparar a utilização de antibióticos intramamários para tratamento de mastite antes e depois da implementação da vacina autógena em um rebanho comercial leiteiro do Paraná.

Material e métodos (obrigatório)

Avaliou-se o efeito da vacinação autógena em uma propriedade comercial leiteira localizada no Paraná, cujo rebanho é composto por ± 340 vacas em lactação da raça Holandesa, mantidas em Free stall com cama de serragem, ordenhadas duas vezes ao dia com produção média diária de 38,6 litros de leite por animal. Para a identificação do perfil microbiológico da mastite na fazenda, foram coletadas amostras de leite de vacas com mastite clínica e subclínica, e posteriormente enviadas ao laboratório. Como resultado, identificou-se a partir destas amostras os seguintes agentes: Corynebacterium bovis, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus, Staphylococcus chromogenes, Streptococcus agalactiae, Streptococcus dysgalactiae e Streptococcus uberis, as quais foram utilizadas na fabricação da vacina autógena. O protocolo vacinal pré-parto foi iniciado nesta propriedade em outubro de 2021, o qual consiste na vacinação das vacas no momento da secagem, na entrada do pré-parto e 30 dias pós-parto. A dose da vacina com adjuvante oleoso é de 2 mL e a aplicação pela via subcutânea. Todas as aquisições dos intramamários foram realizadas na loja agropecuária da cooperativa à qual o produtor está vinculado. O levantamento da quantidade de intramamários adquiridos, tanto para secagem quanto para uso na lactação, foi feito através das notas fiscais emitidas em nome do cooperado de janeiro de 2018 a dezembro de 2023. O valor do intramamário não foi considerado, apenas a quantidade, e os dados foram analisados de forma descritiva.

Resultados e discussão (obrigatório)

Verificou-se um aumento gradual no consumo de intramamários para secagem devido ao crescimento do rebanho de 38% ao longo dos seis anos, considerando o número médio anual de vacas em lactação.   Já em relação ao consumo de intramamários para tratamento na lactação, mesmo com o crescimento do rebanho, houve uma redução significativa. Em 2018, a fazenda gastava em média 4,9 bisnagas de tratamento por vaca enquanto em 2023 este número caiu para 1,9 bisnagas por vaca, o que representa 3 bisnagas a menos. Além do impacto direto sobre os custos dos medicamentos, deve-se levar em consideração os ganhos em produtividade e redução do descarte de leite com resíduos de antibióticos, os quais estão atribuídos ao uso da vacina autógena de mastite. Observou-se ainda que nos anos de 2022 e 2023, a média de vacas em lactação do rebanho se manteve estável, entretanto ocorreu uma redução de 13,27% no consumo de intramamários quando se compara o ano de 2023 em relação à 2022. É importante ressaltar que esta fazenda não utiliza a ferramenta de cultura na fazenda para diagnóstico de mastite, o que poderia influenciar o consumo dos intramamários para tratamento, já que não há recomendação do uso de antibióticos nos casos em que o crescimento bacteriano é negativo.

Conclusão (obrigatório)

Conclui-se que nos anos após a implementação da vacina autógena, mesmo com o crescimento do rebanho, houve uma redução significativa no consumo de antibióticos intramamários para tratamento de mastite no rebanho avaliado. Tal resultado demonstra o benefício da utilização das vacinas autógenas no aumento da imunidade frente aos desafios da mastite, além dos ganhos indiretos relacionados ao uso consciente dos antibióticos e da diminuição do risco de desenvolvimento da resistência bacteriana.

Área

Geral

Autores

Jessica Quirino da Silva, Edson Santos Junior, Carla Cristian Campos, Taís Aparecida Savadego, Paulo Cesar Franco Dutra