Dados do Trabalho

Título

Efeitos da Alimentação com Tanino da acácia negra (Acacia mearnsii) e Óleo de Girassol no Perfil de Ácidos Graxos do Leite de Vacas Leiteiras

Contribuição para a sociedade (opcional)

A nossa hipótese era que a adição de óleo de girassol e tanino condensado poderiam aumentar os teores de ácidos graxos benéficos e proteger estes de uma possível oxidação e mitigar a produção de metano.

Introdução (obrigatório)

Aditivos alimentares podem melhorar produtos como leite, aumentando a vida útil, melhorando o sabor e adicionando compostos bioativos como antioxidantes. O tanino condensado da casca de acácia negra (TC) vem sendo usado como aditivo para ruminantes. Melhora a utilização de nitrogênio, manipula o ambiente ruminal e reduz a produção de metano.
Avilla et al. (2020) encontraram uma dosagem ótima de 12 g/kg de matéria seca (MS) para digestibilidade sem prejudicar a IMS, embora tenha reduzido a proteína do leite. Henke et al. (2017) relataram efeitos negativos do TC na digestibilidade da dieta e performance animal com dosagens de 15 e 30 g/kg de MS.
A utilização de oleaginosas, como grãos ou óleo de girassol (OG), em dietas de vacas leiteiras tem como objetivo primário aumentar a densidade energética da dieta e melhorar o balanço energético (Palmquist e Jenkins, 2017) .
O OG é uma fonte de ácidos graxos poli-insaturados (AGPI), principalmente ácido linoleico (C18:2), cerca de 57% do total de ácidos graxos. A inclusão de AGPI na dieta melhora o perfil de ácidos graxos, aumentando os CLA’s, no leite. Entretanto, pode tornar o leite suscetível à oxidação lipídica, afetando negativamente suas propriedades sensoriais. Incluir antioxidantes, como TC na dieta poderia mitigar esses efeitos. Todavia, Lynch et al. (2005) mostraram que leite com altos níveis de CLA e ácido vacênico não diferiu significativamente em termos de desenvolvimento de sabores oxidados. Objetivou-se neste estudo avaliar a inclusão de TC como fonte de polifenóis e de OG como fonte de AGPI, na dieta de vacas leiteiras e seus efeitos no perfil de ácidos graxos do leite.

Material e métodos (obrigatório)

Foram utilizadas oito vacas primíparas Holandês, de 485±120 kg, 160±75 dias de lactação, alojadas em confinamento tie-stall, distribuídas em duplo quadrado latino 4 x 4, com esquema fatorial 2 × 2 (com ou sem tanino e com ou sem óleo). A dieta foi fornecida na razão 60%V, silagem de milho : 40%C, conforme descrito na Tabela 1.   Ingredientes (%MS) CONT OG TN TN+OG Silagem milho 60,00 60,00 60,0 60,0 Milho moído 18,25 15,45 17,09 14,23 Farelo soja 18,35 18,84 18,51 19,01 Mineral - Topmilk 2,00 2,00 2,00 2,00 Suplemento - Fortmix 1,40 1,40 1,40 1,40 Óleo Girassol 0,00 2,31 0,00 2,36 Tanino Condensado 0,00 0,00 1,00 1,00     (g/kg)     MS 313,61 514,15 513,41 480,36 MO 987,40 963,50 976,50 963,10 PB 156,30 156,90 156,50 156,90 EE 59,70 82,86 59,60 83,39 FDN 372,40 362,70 365,70 369,60 FDA 222,80 231,50 230,20 229,50 CNF 399,00 361,00 394,70 353,20 MM 149,60 131,20 135,5 140,01 NDT estimado 717,01 720,76 719,60 718,10   As vacas foram ordenhadas, diariamente, as 06:00 e 16:00h. Foram coletadas leite, em cada período experimental, nos dias 20° e 21°, após 14 dias de adaptação a dieta, para análise do perfil dos ácidos graxos. As amostras de leite (da manhã + e da tarde), foram acondicionadas em frascos e congeladas até as análises do perfil lipídico. A gordura foi extraída por centrifugação e esterificada. A quantificação dos ésteres metílicos dos ácidos graxos foi feita através da cromatografia gasosa. A análise dos dados foi realizada no software SAS (Statistical Analysis System, v.9.4 - 2001), mixed. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Resultados e discussão (obrigatório)

A Tabela 2 apresenta o perfil de ácidos graxos da gordura do leite de vacas alimentadas com dietas contendo TN e/ou OG. O OG é uma fonte de AGPI, rica em C18:2, representando cerca de 57% do total de ácidos graxos. A inclusão de AGPI na dieta de vacas melhora o perfil de ácidos graxos do leite, aumentando a proporção de ácido linoleico conjugado (CLA) (Shingfield et al., 2013). Em nosso experimento, observou-se aumento na maioria dos ácidos graxos insaturados com a presença de OG. Tabela 2. Valores dos ácidos graxos saturados (AGS), mono-insaturados (AGMI), AGPI na gordura do leite (mg/g) de vacas alimentadas com dietas contendo ou não TC e/ou OG             p2       CONT OG TN OG+TN EPM OG TN INT C18:0 7,013 10,730 7,533 10,926 0,330 <,0001 0,323 0,654 C18:1 n9t 0,799 3,083 0,881 2,890 0,190 <,0001 0,738 0,482 C18:1 n9c 12,222 18,892 13,942 18,762 0,631 <,0001 0,332 0,260 C18:2 n6t 0,057 0,100 0,067 0,095 0,004 <,0001 0,613 0,135 C18:3 n6c 0,077 0,065 0,090 0,090 0,005 0,3735 0,014 0,415 C18:3 n6 0,084 0,101 0,108 0,096 0,005 0,7732 0,291 0,105 C18:3 n3 0,196 0,745 0,217 0,466 0,041 <,0001 0,005 0,001                   AGS 84,064 74,475 82,279 75,324 0,834 <,0001 0,6592 0,2173 AGMI 15,485 24,215 17,414 24,057 0,757 <,0001 0,5490 0,1522 AGPI 0,4500 1,310 0,207 0,619 0,049 <,0001 0,8641 0,8592 Os AGS estão presentes em grandes quantidades na gordura do leite, assim como os ácidos graxos de cadeia curta e média, que são principalmente saturados. A inclusão de OG na dieta pode tornar o leite mais suscetível à oxidação lipídica, afetando negativamente suas propriedades organolépticas, diminuindo o tempo de prateleira e levando à rejeição pelos consumidores. A inclusão de antioxidantes, como TN, poderia mitigar esses efeitos negativos dos AGPI na gordura do leite. No entanto, em nosso experimento, a inclusão de TN não teve efeito protetor.

Conclusão (obrigatório)

A composição em ácidos graxos no leite foi modificada com as dietas. A alimentação das vacas com OG proporcionou um leite rico em AGPI e AGMI. A presença de OG aumentou os AGPI e diminuiu os AGS.

Agradecimentos (opcional)

Fundação Araucária, CNPq e CAPES.