Congresso Brasileiro do Leite

Dados do Trabalho


Título

MONITORAMENTO DA EFICIÊNCIA DE ORDENHA E DA QUALIDADE DO LEITE

Contribuição para a sociedade (opcional)

A metodologia apresentada é simples e pode ser realizada por um profissional de consultoria e também por um colaborador da fazenda, após treinamento especializado, garantindo monitoramento e manutenção da qualidade do leite.

Introdução (obrigatório)

O manejo de ordenha apresenta um importante papel na produção e qualidade do leite, na eficiência de ordenha, na sanidade do úbere e dos tetos das vacas. A rotina pré ordenha tem a finalidade de reduzir a contaminação dos tetos, identificar mastite clínica com a observação da presença de grumos e estimular a descida do leite (SANTOS & FONSECA, 2019). Entender a importância de cada passo e realizar de forma adequada traz benefícios para a qualidade do leite. O objetivo do presente trabalho é apresentar o método de avaliação de eficiência de ordenha aplicado em uma fazenda de gado de leite na cidade de Piraí do Sul/PR.

Material e métodos (obrigatório)

O monitoramento de ordenha foi realizado em agosto de 2023 em uma propriedade produtora de leite localizada no município de Piraí do Sul/PR. No momento da visita, a fazenda trabalhava com vacas da raça Jersey e tinha um rebanho de 350 animais em lactação criadas em sistema Free Stall. Para a avaliação da eficiência de ordenha foram coletados dados de 20% do rebanho ordenhado (SCHURING, 2018) e foram avaliados 5 pontos dentro da rotina de ordenha, sendo: 1. Tempo de ação do pré-dipping (TAPD), 2. Retirada dos 3 primeiros jatos de leite (R3J), 3. Sujidade da ponta dos tetos (SPT), 4. Estímulo da glândula mamária até a colocação da unidade de ordenha (EGCU) e 5. Avaliação da imersão dos tetos no pós-dipping (ITPD). O TAPD foi mensurado a partir do momento em que os tetos fossem recém emergidos em produto pré-dipping e a finalização da contagem ocorria com a secagem dos tetos. Para que a atividade seja considerada efetiva, o produto deve permanecer por pelo menos 30 segundos em contato com o teto antes de secar (RUEGG, 2010; GONÇALVES et al., 2017). Caso o tempo de exposição ao pré-dipping fosse inferior a 30 segundos, era classificada como ineficiente. A monitoria e coleta de dados da R3J foi feita a partir da observação e contagem dos jatos retirados de cada teto pelo ordenhador. Caso não fosse realizada em cada teto de cada animal avaliado, seria considerada uma atividade também ineficiente. Para a avaliação de SPT foi realizado de maneira adaptada seguindo a metodologia de Gonçalves e colaboradores (2017). São considerados 4 escores para avaliar o grau de sujidade: Escore 0 (E0) para ausência de sujidade e de resíduo de desinfetante, Escore 1 (E1) para ausência de sujidade e pouco resíduo de desinfetante, Escore 2 (E2) para moderado grau de sujidade e resíduo de desinfetante, Escore 3 (E3) para elevada concentração de sujidade. Neste caso, era considerada uma atividade eficiente quanto o score ficava entre E0-E1 e ineficiente E2-E3. O tempo para o EGCU foi mensurado desde o momento em que se fazia a retirada dos três jatos, até a colocação do conjunto de ordenha. Quando o tempo para EGCU estava entre 1,5 e 2 minutos, a atividade era considerada eficiente, caso não estivesse nesse intervalo, era considerada ineficiente. Para avaliação da ITPD foi realizada uma avaliação visual, metodologia adaptada de Cotta e colaboradores (2020), considerando boa aplicação acima de 80% do teto emergido em produto. Caso fosse inferior a este percentual, o pós-dipping era considerado ineficiente. Ao final das avaliações, cada parâmetro foi separado em eficiente e ineficiente e expresso em percentual.

Resultados e discussão (obrigatório)

  Os resultados de eficiência obtidos durante a monitoria de ordenha evidenciam que R3J, SPT e EGCU são pontos que apresentam valores de eficiência de ordenha abaixo do esperado.  O TAPD foi adequado estando entre 30 segundos ou mais, tendo uma eficiência de 100%. O uso do desinfetante reduz em 5 (cinco) vezes a contagem bacteriana total (CBT) e em 6 (seis) vezes a contagem de coliformes do leite do tanque (SANTOS & FONSECA, 2019). O resultado para R3J foi de 78%, o ideal é que 100% dos tetos passem pela retirada dos três jatos para não comprometer os benefícios que essa prática traz (SCHURING, 2018). A rejeição dos primeiros três jatos de leite tem por objetivo diagnosticar a mastite clínica, estimular os tetos para a descida do leite e eliminar a contaminação microbiana presente na cisterna do teto (SANTOS & FONSECA, 2019). O resultado para a monitoria SPT foi de 76% de eficiência. Um dos pontos que levou ao resultado foi a troca do material da cama que apresentava muita umidade e com isso maior aderência de sujidade ao úbere e aos tetos. A eficiência EGCU foi de 61%, a variação dos tempos encontradas foi de 100 a 200 segundos. A ocitocina é o hormônio responsável pela liberação do leite, é importante otimizar o tempo de ação e manter um intervalo entre o início da preparação dos tetos até o acoplamento da unidade de ordenha entre 90 e 120 segundos, isso porque a liberação de ocitocina na circulação sanguínea atinge a concentração máxima entre 60 a 90 segundos após a estimulação do teto, assim o objetivo é maximizar o fluxo de leite e reduzir o tempo de ordenha (RUEGG, 2010; SCHURING, 2018). A ITPD foi bem eficiente, foram 99% dos tetos emergidos corretamente. A desinfeção dos tetos no final da ordenha consiste em cobrir todo o teto e constitui um método eficiente para a prevenção de mastite contagiosa, pois elimina as bactérias que podem ser transmitidas entre as vacas prevenindo a colonização do canal do teto por microrganismos causadores de mastite (JONES, 1998; AUAD et al., 2010; GONÇALVES et al., 2017). Os resultados de análise do leite do mesmo mês das coletas apresentaram valores de CCS (165,6 mil CS/mL) e CPP (5,0 mil UFC/mL) que atendem a instrução normativa 76.

Conclusão (obrigatório)

Colocar o monitoramento da eficiência de ordenha na rotina possibilita identificar pontos falhos no manejo, verificar que mudanças externas também interferem no resultado, com isso, nos permite rápida correção e manutenção da qualidade do leite, além de que, o monitoramento é simples, relativamente rápido e sem custos.

Área

Geral

Autores

Kamila Oliveira Rosa, Jamilly Wesgueber, Giovanna Simm Pereira, Elifaz Pereira Ribeiro, Jean Gustavo Reis Oliveira, Gabriele Nicolette de Oliveira, Natalia Gonzaga, Rafael Fagnani